Se não agora, quando?

04/03/2024

Não há dúvidas que os principais mercados globais estão em "Risk On"! As ações norte-americanas registram um recorde atrás do outro e o ETF associado a "momentum" (MTUM) é o grande destaque. Já no velho continente, apesar da desaceleração da indústria alemã, as ações de 11 conglomerados -- conhecidas hoje como "Granolas" -- também não param de se valorizar. O índice japonês Nikkei 225 finalmente superou os 40.000 pontos -- patamar que representou o ápice da bolha japonesa em 1989. Ainda na Ásia, as bolsas da China e da Coréia do Sul estão sendo submetidas a medidas governamentais direcionadas a impulsionar seus respectivos mercados. Diante disso, fica a pergunta: o que falta para a bolsa brasileira emplacar um ciclo de valorização mais sustentável?

Sabe-se que o ciclo de redução de juros já se iniciou por aqui. Além disso, parece ser consenso entre analistas que as empresas que compõem o Ibovespa deverão registrar um crescimento em sua lucratividade superior a 20% quando comparado ao resultado registrado em 2023. Tudo isso em uma economia que tende a surpreender positivamente em relação ao crescimento do seu PIB. Já a liquidez dos mercados parece uma das mais amplas da história quando olhamos para a relação entre os agregados monetários M1 (liquidez imediata) e M2 (dinheiro "empoçado" na renda fixa). Ainda a favor do mercado de ações brasileiro, temos a participação em ações da indústria de gestão de recursos em um dos menores patamares da história.

Sendo assim, quais seriam os grandes impeditivos para a retomada do otimismo por aqui? A minha resposta é a seguinte: acomodação e medo!

No quesito acomodação, se os EUA são o país da renda variável, o Brasil é o da renda fixa. A turma parece estar extremamente acomodada no conforto de títulos de renda fixa incentivados pelo governo. E tudo isso se intensifica em meio ao medo que se faz presente na economia global.

O MEDO estaria associado a diversas esferas. Há o medo do Lula. Há o medo do colapso chinês. Há o medo da formação e do estouro de uma bolha na bolsa americana. Há o medo de que um evento geopolítico poderá provocar um movimento de aversão a risco.

Enquanto isso, o risco-Brasil, medido pelo CDS de 5 anos, já caiu pela metade do patamar registrado no período da eleição do Lula. Temos atualmente um colchão de liquidez superior a 1 trilhão de reais que praticamente garante um ano sem estresse no que diz respeito ao financiamento de nossa dívida mobiliária.

Vivemos em um período marcado pelo excepcionalismo norte-americano. Há coisas estranhas ocorrendo por lá. A dívida do país está crescendo a um ritmo de 1 trilhão de dólares a cada 100 dias. Estima-se que, em 2025, a dívida total do país estará em um patamar superior a 40 trilhões de dólares. Por esta razão, parece ser uma questão de tempo até que o dólar americano comece a mostrar fraqueza. O gráfico abaixo -- ilustrando a alocação em renda variável dos investidores estrangeiros nos EUA -- nos mostra quão vulnerável está a bolsa americana em caso de uma desvalorização cambial.

Ainda sobre o gráfico acima, finalizo o texto de hoje com a seguinte pergunta: uma desvalorização do dólar seria positivo ou negativo para a bolsa brasileira?

Marink Martins

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