Après moi, le déluge [Depois de mim, o dilúvio]

22/03/2024

Vale lembrar que este é o ano das eleições presidenciais. Dentre as mais importantes teremos a eleição presidencial americana em novembro. Entretanto, poucos discutem a respeito das eleições para definir o parlamento europeu no início de junho.

A expressão francesa acima representa o espírito do tempo contemporâneo: aquele que está no poder (incumbente) faz de tudo para se reeleger e não tem vergonha alguma de deixar um enorme "pepino" para sociedade em caso de derrota. Observamos justamente isso na última eleição presidencial brasileira em meio a elevação de gastos e populismo. Até mesmo nos EUA este script parece se repetir.

Sabe-se que boa parte do aumento da lucratividade das empresas dos EUA tem a ver com um aumento das políticas fiscais do governo Biden. No mundo econômico, as equações de Levy-Kalecki descrevem justamente esta relação entre gastos do governo e lucros das empresas. O que a mídia financeira parece não levar em consideração no momento é que, em caso de recessão, a lucratividade das empresas tende a cair de forma significativa. Em 2023, o lucro por ação consolidado das empresas do S&P 500 foi de aproximadamente 223 dólares. A expectativa para 2024 é que tal lucro cresça para 243 dólares. Todavia, em caso de uma recessão, há quem diga que o tal lucro poderá cair de volta aos 200 dólares.

E na Europa? Por lá, a expressão francesa do título se encaixa como uma luva. Desde que Mário Dragui proclamou que iria fazer o que fosse necessário para salvar o euro, os gastos fiscais vem crescendo de forma assustadora. Na tabela abaixo, observa-se que a França, a Itália e a Alemanha já estão no limite no que diz respeito a sua capacidade de tributar os seus cidadãos (curiosamente, o Brasil vem logo em seguida).

Ainda sobre a imagem acima, na coluna da direita temos o percentual da dívida de cada país do G20 em relação ao seu respectivo PIB. A Alemanha não está entre os mais endividados. Mesmo assim, há um embate entre políticos para aprovação de gastos acima de um determinado "teto" pré-determinado. A economia alemã sofre uma forte concorrência chinesa e já mostra sinais de estagnação. Sendo assim, há pressões para que o governo alemão embarque em uma expansão fiscal no espírito do que vem sendo feito nos EUA. Por esta razão, a eleição europeia de junho é tão importante.

Marink Martins


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