Volatilidade projetada vs. realizada
A relação entre a volatilidade projetada e a realizada
Assim como no verão do ano passado, o mercado de ações norte-americano vem passando novamente por um longo período de baixa volatilidade. No ano passado, os principais índices americanos ficaram por mais de 100 dias sem sequer uma variação superior a 1% . Algo similar vem ocorrendo este ano, sendo que o nível de ruído político é certamente superior em meio a índices em patamares que estão aproximadamente 15% acima dos níveis registrados há um ano. Reiterando a minha colocação feita na semana passada, os baixos níveis de volatilidade presentes no mercado americano não são condizentes com períodos associados a um fim de expansão de ciclo econômico. Fosse este o caso, teríamos um maior número de investidores vendidos a descoberto, gerando assim mais volatilidade nos mercados, de acordo com aquela tese de que a última "pernada" em mercados de alta tende a ser mais longa e mais volátil. Seguindo este raciocínio, pode-se teorizar então que ou tal ciclo econômico está longe de seu fim, ou o mercado estaria errando em seu cálculo da volatilidade projetada. Certamente não é simples assim. De qualquer forma, trago este tema, que tanto tenho apreço, para uma maior discussão, analisando alguns dados históricos relevantes que nos ajudarão a compreender melhor a dinâmica associada a volatilidade dos mercados.
O gráfico abaixo, extraído de uma apresentação sobre venda coberta de opções, nos trás a relação entre a volatilidade implícita (linha amarela), aquela projetada pelo mercado para os próximos 30 dias, e a volatilidade realizada (linha vermelha), aquela que de fato ocorreu nos 30 dias subsequentes. Estes dados são baseados na volatilidade do índice S&P 500.
Podemos tirar algumas conclusões ao analisá-lo:
- O mercado, historicamente, superestima a volatilidade futura do índice S&P 500. Este "gap" entre as duas métricas cresceu ligeiramente nos últimos anos.
- O VIX, como indicador da volatilidade implícita no índice S&P 500 (linha amarela), não é um bom indicador de volatilidade futura, pois move-se de forma coincidente com a mudança na volatilidade realizada.
Nos próximos dias irei explorar em mais detalhes estas questões e buscar fazer um paralelo com as volatilidades implícitas praticadas por aqui na B3.
Marink Martins, CNPI