Uma visão otimista em relação ao Brasil
Hoje a Gavekal nos surpreende com uma visão otimista em relação ao Brasil. Em sua análise, o analista Udith Sikand argumenta que, apesar dos riscos políticos e fiscais, o país deve se beneficiar de um salto no preço das commodities.
O leitor sabe quão importante é o trabalho da Gavekal como fonte de inspiração para boa parte do conteúdo que publico por aqui. Dito isso, confesso que não fui totalmente convencido pela visão otimista do analista.
Ao contrário do início do milênio em que o comércio exterior brasileiro foi capaz de impulsionar a economia local, desta vez a própria Gavekal nos informa que não devemos contar com uma retomada dos estímulos fiscais e monetários chineses. E com a China em processo de desaceleração, a caracterização do Brasil como um grande exportador de commodities talvez não seja suficiente para alterar esta dinâmica perversa que se instaura na economia brasileira.
Está certo que vivemos em um período econômico em que a narrativa parece importar muito mais do que o fundamento. Basta ver que tivemos uma tremenda deterioração no varejo doméstico e, mesmo assim, o preço das ações da empresa "brasileira" Mercado Libre caiu muito pouco. Por incrível que pareça, os investidores globais continuam insistindo na tese de que a Mercado Libre tem o potencial de ser a Amazon da América Latina. Algo que discordo veementemente, até mesmo pelo fato de que não há outra AWS (Amazon Web Services) fora do ecosistema da Amazon.
Mas, de volta ao otimismo da Gavekal com o Brasil, é importante e encorajador observarmos que os investidores estrangeiros estão finalmente "acordando" para a expressiva divergência comportamental entre os preços dos ativos brasileiros e os ativos globais.
Marink Martins