Um teste para o IBOV
Ontem foi mais um dia de "show" do IBOV em termos relativos. A cada comentário feito por Powell, era notória a maior vulnerabilidade do índice S&P 500 em relação ao que foi visto por aqui. Em um determinado momento, chamei atenção daqueles que acompanham o meu trabalho a respeito da queda vista no ETF KWEB (ETF chinês que inclui ativos voláteis associados a internet, e-commerce, etc) no fim da tarde. Mas, mesmo assim, o IBOV mostrou força amparado pelo comportamento, aparentemente antifrágil, das ações da Petrobras.
O dia de hoje promete, pois não só vimos um mercado asiático bem mais pesado, mas também temos DXY ("dollar index") voltando a subir, encostando no patamar de 97.
Neste momento em que escrevo (9:02), os contratos futuros do IBOV se valorizam em 0,2%, enquanto os contratos futuros de dólar sobem 0,15%. Há quem afirme que toda esta resiliência local é resultante do fim de um ciclo de uma dolorosa migração de investidores que optaram por sair da renda variável e ir para a renda fixa.
Nesta quinta-feira, a principal mensagem enviada por analistas da Gavekal é a de que Jerome Powell não irá seguir o mesmo caminho de Arthur Burns -- o presidente do FED que, na primeira metade dos anos 70, deixou a inflação correr solta nos EUA. Na opinião dos analistas há bastante espaço para o rendimento dos "treasuries" de 10 anos subir sem que o país entre em recessão. Sendo assim, eles reiteram seu "call" por ativos cíclicos como aqueles associados a petrolíferas e ao setor bancário.
Ao longo da vida destes comentários, sempre afirmei: o Brasil é um TRADE! Se no segundo semestre de 2021 este TRADE favoreceu os "vendidos", agora é a hora dos "comprados". Dito isso, na minha opinião, praticamente nada foi feito no país para mudar este caráter oportunista associado a investimentos em renda variável.
Marink Martins