Um novo ambiente de investimentos

28/03/2022

Entramos hoje na última semana do primeiro trimestre. O IBOV luta para registrar seu oitavo dia de alta consecutiva. A taxa de juros dos contratos futuros do DI que vence em 2031 recuou para os níveis praticados durante o mês de fevereiro. A volatilidade, que se manteve bem elevada na renda variável durante o início deste mês de março, parece ter migrado para a área de renda fixa e para área cambial.

É curioso que, enquanto celebramos a forte valorização do real frente ao dólar americano, algo oposto ocorre no Japão, onde o iene cai para o nível de 124 ienes/dólar. Há hoje um receio de que esta queda na moeda japonesa possa forçar o banco central da China, o PBoC, a desvalorizar também sua moeda, como o fez durante o período entre 2014 e 2015.

Talvez mais importante seja a desconexão entre o preço do ouro e os preços dos "treasuries" dos EUA. Nos últimos 40 anos, em períodos em que a taxa de juros nos EUA subiu, o mais frequente foi ver uma queda no preço do ouro, devido ao maior custo de oportunidade. No entanto, há indícios de que desta vez seja diferente. Esta desconexão é um dos principais indícios de que estamos em um novo ambiente de investimentos; um com características inflacionárias.

Neste sentido, julgo que o momento é propício para revisitarmos os quadrantes de Charles Gave:

Se, de fato, estivermos no quadrante superior à direita (inflação + expansão), o veterano estrategista nos diz que os investidores devem priorizar a compra de ouro e de imóveis. Por outro lado, devem se livrar de títulos de renda fixa de longo prazo. Mas, e as ações? Bem, ações também são títulos de longo prazo, com expectativa de renda que é variável. Ativos de empresas cuja expectativa de lucratividade está bem mais à frente tendem a sofrer de forma similar ao que ocorre com os títulos de renda fixa de longo prazo. Mas, se isto é verdade, por que a bolsa vem subindo de forma tão consistente?

Confesso que não tenho esta resposta. Hoje, nos EUA, as ações da TESLA sobem 6% diante de um anúncio de que a empresa realizará um "split" de suas ações. A TESLA, assim como a Google e a Amazon, também quer entrar para o índice Dow Jones Industrial Average, e para isso precisa que o preço de sua ação fique abaixo de 500 dólares.

Já aqui no Brasil, há indícios de fim do ciclo de alta nos juros. Mas, será que isso representa o início de um ciclo de baixa nos juros?

Está tudo muito confuso. Mas, uma coisa é certa: a VOL não desapareceu! Ela foi ali dar uma voltinha conveniente na renda fixa e no câmbio, mas já já estará de volta no mundo das ações.

Marink Martins

www.myvol.com.br