Um mercado mais solto (parte 2)
Volto com o tema que explorei no texto da segunda-feira, pois trata-se de um processo que está em curso e que vem deixando muitos atuantes do mercado ansiosos. Refiro-me ao fato de que os mercados globais estão ganhando VOL. E, curiosamente, este processo vem ocorrendo em meio a uma inversão na correlação entre os preços dos ativos nos EUA e no resto do mundo.
Tudo isso contribui para um sentimento de estranheza nos mercados. Não é comum observarmos o IBOV se apreciar em um momento de queda no S&P 500. E quando eventos desta natureza ocorrem, eles normalmente vem acompanhados de um salto na volatilidade; algo que ocorreu de uma forma mais nítida no fim da tarde de ontem.
E observe que tal salto não se restringe às opções associadas à Petrobras PN. Nos EUA, os contratos derivativos associados a TESLA, a Apple (como podemos ver no gráfico acima), a Amazon e outras também vem ganhando VOL. O próprio VIX flertou com níveis superiores a 20% nesta terça-feira.
Conforme venho mencionando por aqui, penso que a "culpa" é do DXY que, nesta noite, encostou no patamar de 97. Sabe-se que os problemas associados a covid vem contribuindo para um euro mais fraco, mas, há quem diga, que um dólar mais forte é algo bem-vindo pelo tesouro dos EUA em sua luta para manter a inflação mais contida.
O fato é que chegamos a um ponto em que os ativos de renda variável parecem estar muito vulneráveis às oscilações no DXY. Caso este recue para 95, poderemos ver uma recuperação global. Caso ele avance para 98, o mais provável seria vermos maiores quedas. Ontem, o dia foi marcado também por uma forte desvalorização na moeda turca; algo que, no passado, provocava tremores em todo o mundo dos ativos emergentes.
Assim, caminhamos em um mercado que, ao meu ver, se mostra cada vez mais vulnerável. Uma grande dúvida, e fonte de ansiedade, é saber como irá se comportar a bolsa brasileira caso o S&P venha cair mais de 3%. Será que já chegamos no fundo do poço? Será que todos os problemas políticos já foram devidamente precificados pelo mercado? Essas são as dúvidas do momento. Dito isso, me parece que o velho "trade de convergência" entre IBOV e S&P 500 poderá registrar, em breve, alguma alegria. Já está em tempo!
Marink Martins