Um ataque ao rei dólar
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No gráfico acima temos o índice S&P 500 (linha roxa) versus o dólar index invertido (linha amarela). Como podemos observar é o comportamento do dólar que vem ditando as regras do jogo.
O ano de 2021 se inicia com a moeda americana sob ataque. Não é de hoje que vivemos na era do "momentum trade" e a operação mais consensual do planeta parece ser a venda das verdinhas.
De forma objetiva, creio que o vazamento da ligação entre Trump e o secretário do estado da Geórgia, Brad Raffensperger, atua como um catalisador deste movimento que faz com que um dólar valha somente 6,45 iuanes e um pouco mais de 102 ienes.
A intervenção trumpiana detectada no áudio da ligação contribui para uma maior chance de ocorrência de uma onda azul no congresso americano. Amanhã, no estado da Geórgia, teremos a disputa pelas duas vagas remanescentes no senado dos EUA. Os democratas Jon Ossof e Raphael Warnock precisam vencer os republicanos David Perdue e Kelly Loeffler para que os democratas passem a dominar todo o congresso americano. Caso isso ocorra, a expectativa é de que os gastos com infraestrutura do governo Biden irão disparar!
Contudo, o site de apostas Predict It ainda indica que o mais provável seja uma vitória republicana em uma das disputas mencionadas.
Por isso, creio que os mercados ficarão bem mais voláteis nos próximos dias. Não é de hoje que venho chamando atenção dos investidores a respeito de um maior distanciamento entre a volatilidade implícita e a volatilidade realizada nos mercados. Esse é um fenômeno que não é exclusivo do VIX (medida de volatilidade associada ao índice S&P 500), mas que vem ocorrendo ao redor do mundo; inclusive por aqui, nas opções associadas às ações da Petrobras PN.
É verdade que o referido distanciamento pode ser corrigido também através de uma queda repentina do VIX. Todavia, estamos vivendo um período que - embora os mercados estejam se valorizando continuamente - é marcado por enorme incerteza. Na minha opinião, dúvidas com relação ao comportamento da economia diante do fim de auxílios emergenciais assim como incertezas no que diz respeito à distribuição e aceitação das vacinas tendem a contribuir para um cenário de maior volatilidade, e não o contrário. Por isso, aperte o cinto e se prepare para um mês de janeiro mais violento com o eventual retorno de uma maior volatilidade realizada.
Marink Martins