Um 18/19 com cara de 15/16!
Refiro-me aqui a possibilidade de que o comportamento dos mercados neste fim de 2018 possa se assemelhar aquele visto no fim de 2015 - e isso é preocupante! Explico melhor.
Historicamente, o mês de dezembro tende a ser um período mais tranquilo nos mercados. Não por marcar o início das férias mas sim pelo fato de que os picos de volatilidade normalmente ocorrem nos três meses que o antecede.
Assim, dezembro é historicamente um mês de normalização nos mercados de renda variável, com bolsas em alta e volatilidade em baixa.
O mês de dezembro de 2015, entretanto, destoou de forma significativa. O preço do petróleo que já vinha caindo desde julho de 2014, passou o ano todo de 2015 em queda e trouxe sérias dúvidas com relação a credibilidade das empresas do setor de energia norte-americano.
Em paralelo, a economia chinesa que mostrava claros sinais de desaquecimento foi forçada a conviver com uma desvalorização de sua moeda.
Tudo isso contribuiu para um começo de ano de 2016 assustador. As bolsas despencaram e o longo "Bull Market" americano parecia ter chegado ao fim.
Contudo, em um encontro do G20 realizado no fim daquele janeiro de 2016 fatídico, uma espécie de acordo entre as principais nações foi traçado que fez com que um colapso fosse evitado.
Na ocasião, como sabemos, o banco central japonês levou sua taxa básica de juros para o campo negativo e deu início a um novo ciclo de retomada que junto com estímulos fiscais chineses prologaram o atual ciclo de alta nos mercados.
Dito isso, estamos chegando em dezembro de 2018 e o "touro" associado ao mercado altista das bolsas já parece bem mais cansado!
Todos os estímulos monetários injetados pelos bancos centrais mantiveram as taxas de juros em níveis extremamente baixos trazendo consigo consequências não desejáveis como um significativo aumento no endividamento corporativo norte-americano.
Em particular, vale destacar que existem atualmente US$6 trilhões em dívida corporativa classificadas como "investment grade". O problema maior é que 50% destes títulos estão na "beirada", posicionados na última faixa acima do que é conhecido no mercado como "junk" (grau especulativo).
Em outras palavras, basta o mundo entrar em uma recessão e cresce a possibilidade de vermos um elevado número de "downgrades" na área de crédito.
Nos últimos meses o mundo vem acompanhando as dificuldades enfrentadas pela empresa General Electric (GE) para se financiar nos mercados. O preço de suas ações já despencou e a empresa está fora do mercado de dívida de curto prazo ("comercial paper").
Curiosamente, embora o preço do petróleo encontre-se em um nível bem superior aquele registrado em janeiro de 2016, os "spreads" relacionados as dívidas do setor de energia dos EUA parecem estar piorando.
Além disso, a performance dos bancos globais é preocupante apesar da recente elevação na taxa de juros que, historicamente, contribui para os resultados financeiros destas instituições.
Para finalizar, vale destacar que o velho "Baltic Dry Index", um índice associado com a atividade econômica no mar báltico, despencou 45% desde agosto. Na mesma linha temos o preço do cobre que está 15% abaixo do patamar registrado em junho, e as ações das empresas do setor de semicondutores definitivamente em um "Bear Market".
Por tudo isso, CAVEAT EMPTOR! (cuidado comprador!)
Marink Martins