Três tipos de "growth stocks"
Muito se fala sobre rotação setorial, sobre "trade" da convergência, sobre o retorno dos "value stocks". Todas estas expressões estão relacionadas a um movimento de fluxo de recursos para renda variável que ora priorizou ações de tecnologia, e que agora "parece" priorizar ações que, do ponto de vista fundamentalista, parecem mais atrativas. Entre as ações ditas "atrativas" estão aquelas que ficaram abandonadas por muito tempo, como as ações de empresas tradicionais, geradoras de caixa, em mercados emergentes. Neste sentido, as ações da Petrobras se encaixam como um símbolo dentro do segmento que mais vem se beneficiando do chamado "rotation trade".
Mas o meu objetivo no texto de hoje é prover ao leitor uma diferenciação entre o que vem sendo denominado como "growth stocks". Por aqui, sempre busquei descrevê-los como ativos de longa duração -- em referência a ações de empresas cuja lucratividade se encontra em um ponto distante no futuro.
Em um relatório recente, Louis Gave -- fundador da Gavekal -- classifica-os em 3 segmentos:
Nifty 15 - Este grupo de "growth stocks" reúne as 15 maiores empresas dos EUA (Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Meta, Tesla, Visa, Mastercard, Adobe, Nvidia, Broadcom, Netflix, Oracle, Cisco, Salesforce). Este grupo de ações se apreciou e atingiu um status de antifragilidade. Este grupo, em termos de preferência do investidor global, passou a concorrer diretamente com os "treasuries" de 10 anos dos EUA, por mais insano que isso possa parecer.
Ações da insanidade -- O Louis Gave não faz uso deste nome. Ele cita um acrônimo fornecido por um de seus clientes ("broken down COPS = crazy overpriced stuff" que equivale ao que eu chamo de ações da insanidade). Estas ações sempre estiveram vulneráveis a uma mudança na política monetária dos EUA. Dentre elas, existem as ações que compõem o ETF ARKK da famosa Cathy Wood. Gravei um vídeo sobre tais ações que você pode conferir ao clicar aqui. (Vale ressaltar que toda a minha desconfiança a respeito deste segmento vem se materializando).
Ações com verdadeiro potencial de crescimento -- Este grupo é composto por ações de empresas que não só apresentam potencial de crescimento, mas que já estão gerando um fluxo de caixa positivo ou próximas de fazer isso.
Vivemos uma era onde a informação circula de forma rápida e em todos os lugares. Não vai demorar muito para que a batalha entre "growth vs value" comece a perder espaço e importância na mídia. Observe que a expressão "momentum", que foi tão dominante nos últimos 5 anos, parece não possuir o mesmo glamour. Enquanto isso, ao falar de "growth stocks" é importante discernirmos entre seus componentes.
Marink Martins