Sobre Petrobras, MSCI, eleições nos EUA, empolgação digital doméstica

02/08/2019

Hoje o Insights de Mercado vai em uma forma mais direta:

  • Sobre a Petrobras

Já comentei sobre o resultado no email anterior. Entretanto, chamo sua atenção a uma conta simples a respeito do tema que mais me assusta no momento: a venda de R$50 bilhões em ações da carteira do BNDES.

Esse montante, se vendido diariamente ao longo de 2 anos, equivale a uma venda líquida de R$100 milhões por dia. Embora o papel venha negociando entre R$1 bi e R$2 bi por dia, boa parte deste volume é giro. Sendo assim, saiba que a presença de um vendedor de R$100 milhões diariamente é algo capaz de "castrar" qualquer "Bull Market" no papel. Dito isso, há sempre a possibilidade de um "block trade" expressivo com algum fundo doméstico que possa acelerar este processo.

  • Sobre mudanças na Carteira MSCI Emerging Market Index

Você naturalmente se lembra da mudança que tanto discuti por aqui associada a elevação do peso atribuído as ações listadas na China Continental (A-shares) na carteira MSCI EM. Pois é, tal mudança ocorre em três estágios: maio, agosto e novembro.

Em maio vimos o mercado sofrer - o IBOV bateu nos 90.000. Não sabemos o quanto da queda teve a ver com realocações globais. Entretanto, devo te falar que, em paralelo a inclusão das ações chinesas, está em curso também a inclusão de ações sauditas na carteira. E sabe qual o valor do fluxo positivo em ações que entrou na Arábia Saudita neste primeiro semestre? Foi de US$5 bilhões! Será que esse dinheiro saiu dos demais países ou será que foi dinheiro novo? Não sei, mas é possível que agosto se apresente como um mês desafiador no que diz respeito a fluxo externo.

  • Sobre as estratégias trumpianas

Compartilho aqui um delírio meu... Especulo que Trump optou por surpreender o mercado impondo 10% de tarifas sobre os US$300 bi adicionais de importação de produtos chineses como uma estratégia de defesa neste início de campanha eleitoral. Digo isso pelo fato de que a retórica dos democratas (Warren, Sanders, e outros) é uma que aponta o dedo para Wall Street. Ao punir um pouco o mercado, Trump reduz o ímpeto de seus oponentes, sem se queimar muito. Afinal, ele já deixou claro que a culpa é daquele "idiota"[sic] no FED... rsrs 

  • Sobre a euforia vista em alguns papeis

Via Varejo, Magazine Luiza, Banco Panamericano, Banco Inter, Banco Pactual... não sei não... não sei se não sei fazer conta... é possível que seja pura inveja da minha parte...

De qualquer forma, chamo sua atenção para as ações que simbolizam a especulação "du jour" nos EUA: Beyond Meat (BYND) - empresa da moda especializada em proteínas alternativas.

A empresa fez o IPO a US$25. Seu papel subiu como um foguete e bateu US$225. Saiu o resultado e uma segunda emissão de ações. Afinal com a empresa que fatura somente US$250 milhões valendo 1/3 da maior empresa de alimentos do mundo, qualquer diretor quer colocar um pouco de dólares no bolso. Assim, a segunda emissão saiu ao preço de US$165.

Observe que o valor ainda é muito expressivo em relação ao IPO. Mesmo assim, representa um recuo de quase 30% da máxima.

Não posso deixar de mencionar também aquela que representou o entusiasmo com as empresas de canabis - a empresa Tilray (TLRY). Na máxima foi a US$300. Hoje está US$40 e alguns analistas afirmam que as ações ainda estão a um preço elevado.

Dito isso tudo, é possível que o varejo brasileiro, com seu "omni channel", tenha descoberto um processo revolucionário que justifique um valuation que, para um míope como eu, parece esticado... Vai saber!

Marink Martins

www.myvol.com.br