Sobre o artigo A MOEDA DO FUTURO escrito por André Lara Resende
Em meio a tanto debate sobre o futuro das cryptomoedas é importante destacar o artigo publicado pelo excelente André Lara Resende, um dos pais do Plano Real, no jornal Valor Econômico da última sexta-feira.
André faz uma breve passagem sobre os meios de influência exercidos pelos bancos centrais ao longo de sua existência.
Ao falar sobre o advento da tecnologia blockchain, ele faz uma análise de seu impacto na forma de atuação dos BCs e afirma que tanto a moeda-papel em circulação quanto as reservas bancárias, aquilo se convenciona chamar de base monetária, estão a caminho, senão da extinção, da irrelevância.
Apesar de reconhecer a importância deste momento de transição, André se mostra cético quanto a emissão de cryptomoedas privadas como a bitcoin. De acordo com o autor, seus custos de processamento praticamente inviabiliza suas perspectivas de se tornarem de fato um meio de troca universal.
Mais importante para efeito deste espaço diário dedicado a comentários relacionados ao mercado acionário é o fato de que o autor enxerga na tecnologia do "blockchain" um enorme potencial para transformações no mercado financeiro global, com impacto direto no atual nível de concentração bancária brasileiro. Diz o autor:
Não devemos negligenciar as falas de um formador de opinião do calibre de André Lara Resende ao falar sobre o fato de que a concentração bancária se tornou excessiva. Isso é um problema gritante na economia brasileira que será combatido por qualquer que seja o próximo presidente da nação. Acredito que o combate a elevada concentração bancária seja algo que o nobre autor Ivan Sant'anna classificaria como "algo que simplesmente não pode deixar de acontecer".
Sendo assim, acredito que a participação bancária na economia e na bolsa brasileira já se encontra em um ponto crítico, com uma segunda derivada negativa. Isto é, daqui em diante, a participação relativa do setor bancário na bolsa brasileira deverá perder alguns percentuais, mesmo que tal processo ocorra lentamente.
Se por muito tempo a necessidade de uma vasta rede bancária de agências representava uma enorme barreira de entrada, isso não parece mais ser o caso. O ritmo de transformações é elevado e é uma questão de tempo para que novas fintechs promovam uma tão aguardada disrupção no mercado bancário brasileiro.
Marink Martins