S&P 500 vs ACWX (resto do mundo)

23/10/2024

O gráfico acima ilustra a performance do S&P 500 em relação ao ETF ACWX -- fundo que reúne ações das principais empresas globais, excluindo as norte-americanas. Observe que este é um gráfico de "Trailing Return" ou "janelas de performance móveis" de 250 dias. Conforme podemos observar, de 2009 até hoje, o S&P 500 registrou uma "outperformance" média de 8% a cada ano. Isso foi algo excepcional. Teve a ver com os avanços dos "softwares" (lembrando aqui da previsão de Marc Andreessen feita em 2011: "Software is going to eat the world"), mas também com muita intervenção do governo americano ("impulso fiscal").

No texto de hoje, quero te chamar atenção a respeito de alguns eventos marcantes em anos em que a performance do S&P 500 foi inferior àquela registrada pelo ACWX.

2011 -- O dólar estava relativamente fraco. Os EUA ainda viviam questões associadas à grande crise financeira de 2008/2009. O Bank of America era uma das grandes preocupações e o "rating" dos EUA foi rebaixado pela agência Standard & Poors.

2013 -- Após dois anos de forte recuperação da bolsa americana, o FED embarcou em novos estímulos monetários ("Quantitative Easing" - QE). O petróleo e outras commodities começaram a cair, abrindo espaço para mais uma onda de performance positiva das ações das empresas americanas.

2017 -- Quando o ACWX começava a mostrar força, o recém-eleito Trump conseguiu aprovar uma grande redução de impostos corporativos nos EUA, reduzindo de 34% para 21%. A lucratividade das empresas sobe, ao mesmo tempo em que o endividamento do país cresce.

2021 -- Após a pandemia, testemunhamos o grande abuso dos EUA. O governo ("Pai") se endivida ao extremo para salvar as empresas e famílias ("filhos"). O impulso fiscal norte-americano surpreende o mundo. O único país com a capacidade de emitir moeda sem que ela seja desvalorizada.

2023 -- Uma combinação de narrativa associada a eventuais ganhos de produtividade com a inteligência artificial associados a um contínuo impulso fiscal faz com que a era de EXCEPCIONALISMO DOS EUA continue a todo vapor.

Assim, chegamos a este último trimestre do ano de 2024 com as ações americanas registrando recordes consecutivos. Os preços dos imóveis estão nas alturas, assim como a complacência dos agentes. Curiosamente, poucos cogitam a possibilidade de uma forte correção de preços das ações nos EUA. Muito pelo contrário! De acordo com analistas, a lucratividade das empresas dos EUA tende a crescer de forma significativa nos próximos dois anos. A ver.

Marink Martins

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