Por que me mantenho cético diante da recente alta nas bolsas globais?

05/04/2022

Apresento hoje alguns argumentos novos e outros já apresentados nos últimos dias.

Argumentos novos:

  • Guerra Rússia/Ucrânia: as informações mais recentes caminham na direção de uma intensificação do conflito ao invés de uma resolução, conforme esperado pelo mercado no fim da semana passada.
  • Na Alemanha as decisões apontam para a eliminação total da dependência energética associada à Rússia. Tudo isso é inflacionário e poderá colocar não só a Alemanha, mas toda a zona do euro, em recessão.
  • Já na França, temos uma eleição no fim de semana. Ainda que Macron seja o favorito com 80% de chance de se reeleger, de acordo com o site Predict It, o segundo turno poderá deixar os mercados um pouco mais apreensivos. Não devemos esquecer que, em tempos de baixa participação do eleitorado, as pesquisas eleitorais vem se mostrando falhas. (Basta lembrar do ocorrido na votação do BREXIT em 2016).
  • Hoje, Lael Brainard -- apontada como vice-chairman do FED -- nos disse que o FED está na iminência de começar o "Quantitative Tightening" (Redução no total de ativos do FED). Disse ela que tal movimento deverá começar em breve, em um ritmo acelerado. A última vez que o FED promoveu um QT foi no último trimestre de 2018 e culminou em um "mini-crash" no natal daquele ano.

Lael Brainard é considerada uma das mais "dovish" entre os membros do FOMC. Por isso, sua declaração deve ser considerada de extrema importância pelo mercado. 


Argumentos velhos:

  • Nos EUA, a mais recente alta não contou com a participação dos bancos. Isso é um problema e mostra que o movimento foi feito por "vendidos" e pela turma do "caiu/comprou" ("buy the dip") que pensa que as "ações da insanidade" (aquelas da Cathy Wood) estão baratas simplesmente pelo fato delas terem caídos demais. Algo similar ocorre no Brasil. A Petrobras parou de subir enquanto as especulativas (aquelas que ainda não são lucrativas) dispararam.

Marink Martins

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