Pontos para reflexão
Abaixo, alguns comentários para reflexão:
1. Guerras representam pontos de inflexão para moedas.
Já observamos o que ocorreu com a moeda russa. No entanto, é altamente provável que a Rússia irá entrar em default técnico nos próximos dias. Lembro-me bem da época em que isso ocorreu, em 1998. Há, porém, uma diferença marcante entre aquela época e os dias de hoje. Em 98, o Fed Funds americano tinha "muita gordura" como podemos ver no gráfico abaixo. O FED agiu rápido, cortando a taxa e organizando um resgate ao fundo LTCM que foi pego de "pé trocado" na crise russa.
Hoje o fed funds está "no chão" (entre 0 e 0,25%). Além disso, a inflação medida pelo CPI está acima de 7% e numa ascendente. Guerras tendem a ser inflacionárias. De onde conclui-se que o FED tem uma situação desafiadora à frente.
2. Gazprombank era o novo "central bank" russo
Em meio às turbulências da semana passada, deixaram uma porta de saída aos russos através dos bancos associados às petrolíferas. Esta semana, no entanto, começa com ameaças de que os EUA irão impor sanções na comercialização de petróleo russo. Caso isso se materialize crescem as chances de uma crise de liquidez. E quem vem nos alertando destes riscos é Zoltan Pozsar, o estrategista para títulos de curto prazo do Credit Suisse.
3. Um sábado de tráfego pesadíssimo em Moscou e St. Petersburgo
Dados fornecidos pelo serviço de GPS TomTom apontam para uma "distorção" no tráfego de veículos nas duas principais cidades russas. Os estrategistas da DataTrek inferem que tal movimento possa representar que os cidadãos destas cidades saíram em busca de estocar produtos de primeira necessidade, preocupados com a possibilidade de escassez. Seguem os gráficos:
Tráfego em Moscou
Tráfego em St. Petersburgo
Observem que a linha vermelha registrada no sexto dia, em ambos os gráficos, é bem superior às outras linhas que denotam um média histórica em 2019 e 2021.
4. O preço do trigo está disparando!
Uma análise histórica da variação no preço do trigo nos faz lembrar que o último ciclo de alta coincidiu com o evento que ficou conhecido como Primavera Árabe. Já o penúltimo, com a grande crise financeira de 2008. Especialistas dizem que a estabilidade social no oriente médio depende de preços estáveis para o trigo; uma commodity que tem uma importância relativamente maior naquela região.
5. Um gráfico preocupante na visão de Charles Gave
Em um texto recente, Charles nos mostrou a relação histórica entre o S&P 500 e o preço do petróleo. Neste estudo, ele fez um ajuste no S&P 500 para levar em conta os ganhos anuais de produtividade. Sendo assim, sua análise consistiu em uma comparação entre o preço do S&P 500 ("de-trended") e o preço do petróleo. O gráfico acima não é o gráfico do Charles Gave, mas é algo próximo. Acima temos a comparação de dois setores: Tech e Petrolífero; e como podemos observar, Tech está entregando o ganho relativo de forma rápida.
O grande problema disso tudo está na conclusão dos estudos de Charles Gave. Ele diz que, historicamente, é no momento de aceleração do preço do petróleo em relação ao S&P 500 quando o "Ursus Magnus" (uma versão mais pesada de um mercado baixista) aparece.
Marink Martins