Perigos reais e imediatos
Temos duas semanas pela frente que prometem muita emoção. Resultados corporativos, eleição presidencial nos EUA, pacotes econômicos; tudo estará em jogo nos próximos dias e deverá fazer jus ao VIX (medida de volatilidade associada ao índice S&P 500) que teima em se manter elevado -- próximo ao patamar de 30%.
Sendo assim, seguem comentários a respeito de alguns dos principais temas em pauta:
Eleição Presidencial: as pesquisas eleitorais realizadas em diversos estados conhecidos como "campos de batalha" indicam amplo favoritismo de Biden. Há uma preocupação quanto a possíveis contestações subsequentes a contagem dos votos. Contudo, a grande questão para o mercado, neste momento, parece ser a disputa quanto ao controle do senado americano. Curiosamente, o mercado parece preferir que ocorra uma "blue wave" (onda azul), com os democratas tomando a presidência e o senado. Na opinião dos estrategistas do Bank of America esta combinação tende a resultar em maiores estímulos fiscais, contribuindo para manter os mercados de ações cada vez mais inflados. Veja a imagem abaixo: a primeira combinação é a mais provável e tende a resultar em deflação. Já o segundo cenário seria aquele com maiores estímulos fiscais.
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Vale ressaltar que, de acordo com o site de apostas Predict It, a probabilidade de uma Onda Azul vem caindo. Ontem mesmo, tal aposta foi negociada, por alguns minutos, refletindo uma probabilidade de ocorrência inferior a 50%. Observe o gráfico abaixo:
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IPOs - É impressionante o apetite dos investidores domésticos e estrangeiros para emissões de novas ações. Contudo, com a precificação do maior IPO do ano sendo realizada nesta madrugada (IPO de US$34,5 bilhões da Ant Group controlada pela Alibaba), é possível que o mercado fique um tanto "empapuçado".
Por aqui, espera-se por IPOs da CSN Mineração e da Rede D´or. Enquanto isso, promovendo o famoso "crowding out", temos o governo brasileiro promovendo o maior ciclo de rolagem de dívida da história.
Segunda Onda - A Europa larga na frente registrando recorde no número de casos na França. Toques de recolher vem sendo implementados em diversos pontos do continente. Nos EUA, a cidade de El Passo, no Texas, já está com 100% das camas de hospitais tomadas por pacientes de Covid.
Outros riscos - Sabe-se que é elevadíssimo o risco de que uma maior inadimplência poderá destruir o patrimônio dos bancos. Se tomarmos a crise financeira de 2008/2009 como exemplo, observamos que a inadimplência associada a financiamento de imóveis comerciais foi responsável por 25% do total. Por isso, a forma pela qual os governos desenvolvidos reagirão a esta pandemia é chave para avaliarmos melhor com quem ficará a conta desta grande crise.
Marink Martins