Ou Isto ou Aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se tem superávit comercial e não se recebe a poupança externa,
ou se recebe poupança externa e não se tem superávit comercial!
Trump não leu Cecília Meireles. Trump quer tudo. Ele quer ter o bolo e comê-lo ao mesmo tempo! Provavelmente esqueceu também da famosa frase do Friedman: não existe almoço grátis!
E assim, surge no mundo econômico algo que a natureza abomina: o vácuo!
Tal vácuo se manifesta de diversas formas e em diversas frentes:
- Através da falta de liderança global -- ausência de uma instância capaz de decidir e punir -- a OMC está morta. E ninguém foi ao velório.
- Através da falta de "Hedge" -- os "treasuries", "Bunds" e "JGBs" estão se desvalorizando e não oferecendo proteção patrimonial, como no passado.
- Através da falta de reserva global -- não há corrida em direção ao dólar. Não há corrida em direção a commodities (o cobre despenca).
No filme O Aprendiz há o relato de que Trump, quando jovem, aprendeu três lições com o implacável advogado Roy Cohn:
1. Ataque, ataque, ataque: Sempre esteja na ofensiva. Domine os oponentes pela força e agressividade — nunca recue.
2. Não admita nada, negue tudo: Jamais reconheça erros ou acusações, mesmo diante de evidências. Negação total como estratégia de defesa.
3. Proclame vitória, nunca admita derrota: Mesmo quando perde, finja que venceu. A imagem de sucesso é mais importante do que a verdade.
Curiosamente, tais lições parecem ir justamente na direção oposta às lições aprendidas por líderes chineses através do Pequeno Livro Vermelho de Mao Tse-Tung. Os chineses aprendem, desde cedo, a nunca proclamar vitória. Além disso, nunca se deve bater de frente com o seu oponente; ainda mais se ele for mais forte.
Finalizo, com uma expressão clássica associada a tragédia grega:
"Whom the gods would destroy, they first make mad."
("Aqueles a quem os deuses querem destruir, primeiro enlouquecem.")
Resta saber quem irá acusar o golpe.
Marink