O S&P 500 medido em ouro
14/09/2021
É importante olharmos para o mundo através de uma lente mais distante. Algo análogo ao que fazemos quando utilizamos o Google Earth.
Quando fazemos isso nos mercados, olhamos para um gráfico mais longo como este que compartilho abaixo. Neste gráfico observamos que o valor das empresas contidas no índice S&P 500, quando dividido pelo preço da onça do ouro, está estável desde 1971 -- o ano em que uma onça de ouro deixou de valer um valor fixo de 35 dólares/onça.
- Mas, será que isso é verdade? Sempre ouvi que a bolsa de valores é um grande instrumento de criação de valor... diria um jovem investidor fascinado com as recentes valorizações vistas no mundo da tecnologia.
Bem, o argumento de criação de valor não é exatamente um equívoco. Afinal, compramos bens e serviços em moedas fiduciárias como o dólar, o euro e o real. Mesmo assim, o gráfico acima representa um "tapa na cara" no desavisado.
Não muito diferente é este gráfico, que eu mesmo produzi, do valor do IBOV medido pelo número de ingressos de acesso a Disney em Orlando.
Com base nessas imagens, o que devemos concluir? Devemos guardar nosso patrimônio em ouro? Devemos converter nossos ganhos em ingressos da Disney? Bem, a conclusão pode ser simples se o nosso foco estiver no longo prazo. Não há dúvida que dinheiro em espécie se deprecia e cada vez mais rapidamente.
No entanto, quando o foco está no curto prazo, a conclusão não é tão óbvia assim. Afinal, o esforço feito pelas autoridades monetárias para manter o sistema "de pé" traz como consequência uma apreciação anormal em alguns ativos; principalmente os mais líquidos. Estamos observando isso ocorrer nas "Big Techs" dos EUA. Em algum momento, é possível que forças associadas a processos de reversão à média se instaurem e tragam os valores dos ativos a preços mais razoáveis.
Marink Martins