"O rabo desconectado do cão!"
Se tradicionalmente é o cão que balança o rabo, muito já se discutiu no mercado que passamos para uma fase onde "o rabo balança o cão". Esta expressão é uma tentativa de ilustrar a relação entre os preços dos ativos e os preços de seus derivativos.
Em momentos de adversidades nos mercados, é comum vermos os preços dos ativos caírem acompanhados de uma alta na volatilidade implícita associada aos seus contratos derivativos. Para ficar mais claro, é comum vermos o preço da Petrobras PN cair e, simultaneamente, vermos a volatilidade implícita de suas opções subir.
No entanto, isso não vem ocorrendo de acordo com o script. Por que será? Observe que não é algo específico associado às ações da Petrobras. Nos EUA, o VIX -- expectativa de oscilação associada ao índice S&P 500 -- exibe comportamento semelhante. No gráfico abaixo, observamos uma divergência entre a volatilidade implícita e a volatilidade realizada.
Penso que o momento atual -- aqui e lá fora -- pedem por um VOL mais elevado! Temos uma situação em que "O RABO está DESCONECTADO do CÃO!". Em momentos assim, os investidores devem evitar se alavancar. Devem entender que opções e contratos futuros são instrumentos que embutem uma alavancagem opaca.
Dentre as razões para este fenômeno, há um entendimento que hoje há uma maior presença de pessoas físicas no mercado de opções. Ao longo dos últimos anos, empresas como RobbinHood nos EUA e XP, Empiricus, Inversa, Traders Club e muitas outras brasileiras contribuíram para uma maior presença das pessoas físicas nestes mercados.
Como não podemos ter um "rabo" solto por aí -- de forma desconectada -- é uma questão de tempo para que a realidade se manifeste. Curiosamente, este tempo de desconexão tem sido surpreendentemente longo no mundo desenvolvido, em particular, nos EUA.
Observe que me refiro aqui a relação entre os preços dos ativos e os preços de seus derivativos. Pensando no Brasil, é possível que a atual precificação dos ativos locais já reflita, de forma apropriada, os riscos presentes nos mercados.
Marink Martins