O mercado dos fissurados
Os nerds também surfam. Na adolescência a minha paixão era o surf e lembro de fins de tarde marcantes na praia da Barra. Em tardes nubladas, sem vento, ficava na água até escurecer. Aos poucos a turma ia saindo, e apesar do cansaço, os momentos finais traziam boas ondas sem aquela disputa acirrada que marcava a luta para pegar uma onda em frente a Praça do Ó.
Faço este relato para apontar que, embora o ciclo de alta nas bolsas americanas esteja com cara de "finzinho" de tarde, ainda há espaço para mais apreciações. Vivemos o ápice da liquidez global.
O mais preocupado dirá que a segunda derivada (aceleração) da curva de expansão monetária global já está negativa. É verdade! No gráfico abaixo temos a ilustração da expansão dos ativos dos principais bancos centrais. Contudo, se existe algo que venho aprendendo com o tempo é ser mais paciente nos mercados.
Neste sentido, convido o leitor a focar no saldo da conta TGA ("Treasury General Account") que tanto já mencionei por aqui. Ainda que este seja somente um fator em um sistema complexo de liquidez global, é um fator importante e praticamente ignorado pela mídia financeira.
Dito isso, não podemos ignorar que há ruídos por toda a parte. Uso elevado de conta margem, recente volatilidade nas criptomoedas, perda de entusiasmo com os SPACs; tudo isso sem mencionar os problemas domésticos associados a reformas, orçamentos, pandemia, etc.
Neste mundo ultraconectado, as coisas acontecem de forma bem mais rápida. Sendo assim, é possível que a duração deste período de euforia também seja mais curta do que aquela vista em 99. Sendo assim, prossiga consciente de que a estrada ficará mais sinuosa em breve. Como diria Jorge Ben, canja de galinha, farol de neblina e opção de venda não fazem mal a ninguém.
Marink Martins