O enigma internacional
Entendo que o momento pede por uma análise mais focada em questões domésticas. No entanto, permitam-me explorar o que muitos consideram o grande enigma do momento: a divergência entre a ascendente taxa de juros americana e o resiliente Nasdaq/S&P 500.
Abaixo, temos um gráfico que ilustra justamente isso. Na linha amarela temos o índice NASDAQ, enquanto na linha roxa temos a taxa de juros dos títulos do tesouro de 10 anos dos EUA (apresentada aqui de forma invertida).
O que observamos é que, ao contrário do ocorrido em março -- quando a alta na taxa derrubou os índices -- desta vez, tanto o NASDAQ 100 como o S&P 500 teimam em registrar novas máximas.
No texto de ontem publiquei que há uma batalha entre mercado e analistas que, até o momento, indica uma vitória dos agentes de mercado. Na semana que vem a agenda de divulgação de resultados do 3T21 será mais pesada por lá e deverá trazer mais volatilidade.
Curiosamente, nas últimas semanas tivemos, tanto o "abismo fiscal americano" assim como o "calote no mercado imobiliário chinês (caso Evergrande)", sendo postergados. E mesmo assim, os mercados desenvolvidos se mantêm firmes, com o VIX registrando níveis inferiores a 15%.
Dito tudo isso, por que será que o mau humor parece estar restrito aos problemas domésticos brasileiros? Eis aí um outro enigma a ser desvendado. O problema brasileiro é sério, mas não se iluda com a estabilidade vista nos EUA, China e Europa. Será que ativos denominados em dólares e iuanes merecem um "waiver", enquanto aqueles denominados em moedas sem credibilidade serão penalizados? Como você pode ver, a semana termina com muitas perguntas e poucas respostas.
Tenha um ótimo fim de semana,
Marink Martins