Nuvens nebulosas no horizonte

25/03/2021

A virada ocorrida nos mercados na tarde de ontem foi surpreendente e assustadora. Tudo parecia calmo, porém, a queda registrada em ETFs chineses (FXI, KWEB, KBA) era um prenúncio. Na tarde de ontem, o KWEB (com foco em empresas de tecnologia) caiu 8%.

Os dois gráficos abaixo nos ajudam a compreender o drama:

Neste primeiro, temos o índice chinês CSI 300 em forte queda, em uma formação ombro-cabeça-ombro preocupante:

Já neste segundo, observamos a queda do ETF KWEB e questionamos se ela deverá trazer consigo o QQQ (Nasdaq 100). 

Os mercados iniciaram o ano "cantando pneu", celebrando os estímulos de Biden e o fato de que há 5 trilhões de dólares parados em fundos de "Money Market" nos EUA. Embora esses recursos não estejam rendendo um retorno razoável, o leitor sabe que não me canso de alertar que antes um retorno magro do que um negativo! Deixei isso claro no meu texto "Beautiful SELIC".

Contudo, chegamos a um período que, historicamente, é desafiador para os mercados. Refiro-me aos últimos 10 dias de março, um período marcado por fim do trimestre, rebalanceamento de carteiras, fim do ano fiscal japonês, e outros fatores.

O fato é que o dólar começou a subir e a "espremer" muitos que apostavam na desvalorização do "green back". Além disso, aquele ciclo em que o varejo foi com tudo para o mercado de opções americano já mostra sinais de exaustão. As opções começam a derreter e deixar aquele gosto amargo para aquele que sonhava em ver seu dinheiro multiplicar por 3x rapidamente.

Entramos em um momento que exige um maior cuidado. A liquidez global é robusta, mas a derrocada vista nas ações de tecnologia listadas na Ásia é preocupante. O que poucos comentam é que aquele encontro entre EUA e China - ocorrido na semana passada no Alaska - só serviu para mostrar que Biden não está nem um pouco disposto a aliviar as tensões provocadas por seu antecessor.

Sendo assim, devemos ficar atentos a uma reação chinesa que poderá já está em curso através de um ataque silencioso ao que há de mais precioso na economia americana - o seu mercado de ações.

Marink Martins

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