"Market Internals"

O termo "market internals" refere-se a um conjunto de indicadores utilizados por operadores de mercado em busca de determinar uma tendência para os mercados.
Tratam-se de indicadores técnicos que, acompanhados de uma narrativa, nos ajudam a tentar decifrar o comportamento das massas.
Hoje, dia de vencimento dos contratos futuros do Ibovespa, fiquei surpreso com o fato do novo contrato - WINM20 - estar negociando com um ágio bem reduzido frente ao contrato vincendo - WINJ20. Enquanto que, em situações normais, tal ágio deveria ser de aproximadamente 500 pontos, o que observamos é um ágio comprimido, na casa de 150 pontos. Pudera! Não estamos, nem de perto, próximos a uma normalidade de mercado.
Ontem, a chefe da mesa de "Open Market" do FED de NY, Lorie Logan, fez uma apresentação sobre as operações realizadas pela instituição ao longo do mês de março e início de abril. Neste curto intervalo de tempo, o FED adquiriu 1,6 trilhões de dólares em diversos ativos com repercussão em todo o planeta.
Nas últimas semanas, o nível de artificialidade visto no preço dos ativos chega a ser estonteante. Como pode o índice Nasdaq estar somente 2 pontos percentuais da máxima registrada no início de 2020 ao mesmo tempo em que 1 em cada 4 americanos alega estar perdendo o emprego ou sofrendo uma redução salarial?
Bem, é isso que ocorre quando há um comprador no mercado cujo poder de fogo é praticamente ilimitado. Dito isso, não devemos esquecer que o FED vem seguindo um caminho já percorrido pelo Banco do Japão. E por lá, os resultados, até o momento, não se apresentam como favoráveis.
Mas, de volta aos "market internals", não posso deixar de mencionar que, apesar de toda a alta vista nas últimas semanas, o VIX - medida associada a expectativa de volatilidade do índice S&P 500 - permanece bem alto, próximo a 40%. Isso implica dizer que o mercado sabe que, uma vez que o FED parar para respirar, os mercados tendem a cair. E não é que isso parece estar em curso neste exato momento. Sendo assim, proceda com cautela, ciente de que esta crise poderá ser bem mais duradoura do que as prévias.
Marink Martins