IPOs - A crítica de Jim Cramer

15/12/2020

Jim Cramer é, na minha opinião, o mais influente comentarista do mundo das finanças neste planeta. O cara já atuou em todas as pontas. Passou pelo Goldman Sachs, já foi um gestor de sucesso, já foi um empresário que levou sua empresa a um IPO, e é hoje a pessoa mais importante no principal canal de finanças do mundo - a CNBC.

Faço essa introdução buscando dar credibilidade a crítica que o comentarista vem fazendo no que diz respeito aos recentes IPOs. Refiro-me a sua crítica ao ocorrido em recentes lançamentos de ações das empresas Snowflake, Doordash e AirBnB.

Nestes três casos, observamos um enorme diferencial entre o preço do IPO e o preço do primeiro negócio. De acordo com Cramer, esse tipo de conduta tende a fazer com que os lançamentos atuais tenham o mesmo desfecho dos IPOs na época da bolha do Nasdaq.

Curiosamente, naquela ocasião Jim Cramer esteve à frente da empresa TheStreet.com que protagonizou um dos mais frustrantes IPOs. Diz ele que, ao ver que o primeiro negócio com as ações da empresa sairia a um preço bem acima do IPO, contactou imediatamente o coordenador da operação solicitando que mais ações fossem vendidas. O coordenador, por sua vez, disse que nada poderia fazer devido a restrições impostas pela SEC. As ações da empresa da TheStreet.com chegaram a negociar a 66 dólares, mas, ao longo do tempo, acabaram caindo para 1 dólar.

Está certo que boa parte da queda teve a ver com problemas estruturais da empresa. Mesmo assim, Cramer acredita que a forma pela qual os IPOs são conduzidos nos EUA conduz a um processo especulativo destrutivo.

No caso da AirBnB, chegou a ser chocante a surpresa do fundador Brian Chesky ao tomar conhecimento a respeito do preço que as ações da sua empresa estavam negociando no mercado secundário.

Uma forma de evitar esse tipo de diferencial seria permitir que a empresa venda um lote adicional de ações justamente com o objetivo de estabilizar o mercado. Observe aqui que não me refiro a vendas de lotes adicionais em IPOs. Refiro-me à capacidade de venda de ações após a conclusão do IPO - no mercado secundário.

A verdade é que os recentes IPOs nos Estados Unidos exibiram um comportamento análogo aquele visto em 1999. E isso está deixando muita gente preocupada.

Marink Martins

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