Google e Amazon sucumbiram ao "stock-split". Por que?
Por muitos anos as "big techs" ignoraram o clamor dos banqueiros de Wall Street para que promovessem um "split" de suas ações. Com uma base acionária dominada por investidores institucionais, os diretores destas gigantes não viam sentido em perder tempo com algo tão irrelevante.
Mas, os tempos mudaram. A pandemia trouxe milhões de "millennials" ao mercado de ações e agora gigantes como a Google e a Amazon passaram a "investir" em uma maior diversificação de sua base acionária. Afinal, muitos de seus consumidores desejam também ser acionistas destas empresas. Assim, ambas anunciaram "splits" de 20 ações para 1 ação. A Google fez isso em fevereiro e a Amazon ontem.
Além de uma aproximação com seus clientes, especialistas da Datatrek apontam outras razões para tal decisão:
1. Sinal de confiança. Embora não tão poderoso como um dividendo, um "split" das ações normalmente transmite uma ideia de otimismo por parte da diretoria.
2. Possibilidade de entrar no índice Dow Jones Industrial Average (DJIA). O "Dow" é um índice problemático, calculado com base no preço das ações. As empresas cujo preço das ações é mais elevado é a que tem maior peso, independente do valor de mercado da empresa. Por isso, trata-se de um índice ignorado por investidores institucionais. No entanto, quando o assunto é o varejo e a mídia financeira, o DJIA deixa o sofisticado S&P 500 comendo poeira. Sendo assim, fazer parte do "Dow" é ter acesso a uma exposição valiosíssima.
Vale mencionar também que o "Dow" não aceita empresas cujo preço da ação seja superior a 500 dólares.
Além das razões acima, não devemos esquecer também que a Apple e a Microsoft já estão no "Dow". Por último, apesar das inovações tecnológicas dos últimos anos, os banqueiros de Wall Street ainda estão presos a um modelo onde parte de sua remuneração ainda é atrelada ao número de ações negociadas. Assim, quando uma empresa promove um split, não só cresce o número de ações em circulação, mas também o volume de ações negociadas e o lucro dos intermediadores.
Marink Martins