A Itália volta à cena global, com rumores de que sua instabilidade
política pode vir a representar uma séria ameaça a unificação europeia e a
continuidade de sua moeda única: o euro.
Não há dúvidas que o longo período de manipulação exercido
pelo Banco Central Europeu (BCE) provocou inúmeras distorções na região. Para você
ter uma ideia, 90% dos títulos corporativos italianos rendem atualmente uma
taxa inferior àquela paga pelo título soberano do país; uma situação bizarra
que não seria possível se não fosse pelas compras de títulos de renda fixa maciças efetuadas pelo BCE.
Dito isso, é importante ressaltar que houve uma importante e surpreendente
transferência do risco associado a investir na Itália para o próprio banco
central europeu; este, financiado por toda a comunidade europeia.
Atualmente, a Itália apresenta um superávit de 3,5% em conta corrente
que junto com um superávit fiscal de 2% do PIB coloca o país em uma situação
mais confortável. Além disso, as intervenções maciças do BCE permitiram um
alongamento da dívida do país que hoje está, em grande parte (72%), nas mãos de
italianos. Conforme mencionado, o risco italiano foi TRANSFERIDO!!!
Por um outro lado, especialistas dizem que nunca houve momento
melhor para a Itália abandonar o euro. Com os índices acima, a necessidade de
financiamento externo do país é de fato pequena.
Mais preocupante, porém, é a situação da Turquia.
Após um período de crescimento econômico expressivo, o país
passou a registrar um enorme déficit em conta corrente que vem deixando o país
vulnerável, alvo de especulação global relacionado a um possível calote.
Os bancos mais expostos a uma situação adversa turca são os
bancos BBVA da Espanha e o Unicredit da Itália; ambos com exposição direta ao
mercado bancário turco.
Por tudo isso, temos o retorno de um antigo problema. Ao
contrário dos bancos americanos que foram recapitalizados, os europeus
continuam vulneráveis e, com isso, colocarão uma pressão ainda maior no Banco
Central Europeu.
Para finalizar, ficamos com a pergunta: conseguirá Mario
Draghi (presidente do BCE) restabelecer a calmaria com a sua famosa retórica "We
will do whatever it takes!" (faremos o que for necessário)?
Marink Martins