Fala-se sobre o risco italiano mas o risco turco preocupa mais!

29/05/2018

A Itália volta à cena global, com rumores de que sua instabilidade política pode vir a representar uma séria ameaça a unificação europeia e a continuidade de sua moeda única: o euro.

Não há dúvidas que o longo período de manipulação exercido pelo Banco Central Europeu (BCE) provocou inúmeras distorções na região. Para você ter uma ideia, 90% dos títulos corporativos italianos rendem atualmente uma taxa inferior àquela paga pelo título soberano do país; uma situação bizarra que não seria possível se não fosse pelas compras de títulos de renda fixa maciças efetuadas pelo BCE.

Dito isso, é importante ressaltar que houve uma importante e surpreendente transferência do risco associado a investir na Itália para o próprio banco central europeu; este, financiado por toda a comunidade europeia.

Atualmente, a Itália apresenta um superávit de 3,5% em conta corrente que junto com um superávit fiscal de 2% do PIB coloca o país em uma situação mais confortável. Além disso, as intervenções maciças do BCE permitiram um alongamento da dívida do país que hoje está, em grande parte (72%), nas mãos de italianos. Conforme mencionado, o risco italiano foi TRANSFERIDO!!!

Por um outro lado, especialistas dizem que nunca houve momento melhor para a Itália abandonar o euro. Com os índices acima, a necessidade de financiamento externo do país é de fato pequena.

Mais preocupante, porém, é a situação da Turquia.

Após um período de crescimento econômico expressivo, o país passou a registrar um enorme déficit em conta corrente que vem deixando o país vulnerável, alvo de especulação global relacionado a um possível calote.

Os bancos mais expostos a uma situação adversa turca são os bancos BBVA da Espanha e o Unicredit da Itália; ambos com exposição direta ao mercado bancário turco.

Por tudo isso, temos o retorno de um antigo problema. Ao contrário dos bancos americanos que foram recapitalizados, os europeus continuam vulneráveis e, com isso, colocarão uma pressão ainda maior no Banco Central Europeu.

Para finalizar, ficamos com a pergunta: conseguirá Mario Draghi (presidente do BCE) restabelecer a calmaria com a sua famosa retórica "We will do whatever it takes!" (faremos o que for necessário)?

Marink Martins

Ontem, o FED não surpreendeu. Fez o que muitos vinham comentando há semanas. Aqui mesmo, venho chamando atenção para a possibilidade de que os EUA estejam transitando de um "desinflationary boom" para um "inflationary boom" -- uma expansão econômica com um nível de inflação mais elevado.

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