Excepcionalismo, Turquenização e possível Acordo de Mar-A-Lago

23/12/2024

Ainda que muitos saibam que foi Alan Greenspan que proclamou a expressão "irrational exuberance" (exuberância irracional) em relação ao mercado de ações americano, poucos entendem que tal profecia provou-se um fiasco.

O comentário sobre exuberância irracional ocorreu em uma palestra em Nova York em dezembro de 2006. O S&P 500 vinha de uma alta de 20% em 1996 e de 37% em 1995. Entre 1980 e 1996 o índice se apreciou 1.200% -- um retorno anual próximo a 16% ao ano. O "fiasco" da proclamação de Greenspan tem a ver com o fato de que, entre a data do discurso e o mês de Março/2000 -- topo do ciclo de valorização -- o S&P 500 se apreciou 115%!!!

Se o "maestro" Greenspan não conseguiu detectar o topo, qualquer sucesso que eu tenha nesta tentativa será pura sorte. Quando afirmo que o Ibov irá "atropelar" o S&P 500 em termos nominais nos próximos 5 anos, não estou aqui fazendo uma estimativa, mas sim expressando uma lógica matemática análoga ao ocorrida na relação entre o Merval e o S&P 500. Os preços dos ativos, em termos nominais, sobem mais em países cuja inflação é mais alta.

O fato é que o S&P 500 está nas alturas. O gráfico abaixo nos mostra que a capitalização de mercado do S&P 500 atingiu o patamar de 2 vezes o valor do PIB dos EUA.

Curiosamente, tal relação no Brasil se encontra em um patamar próximo a 32%. No auge da crise de 2016 esta relação chegou a atingir 28%. Já em janeiro de 2020 -- um momento auspicioso pré-pandemia -- tal relação estava entre 45% e 50%.

Há quem tema que o Brasil venha a seguir um caminho chamado de "turquenização" de sua economia. Isto é, uma situação na qual o presidente exerce uma interferência indevida no BC do país, forçando um juro real negativo. O fato é que neste momento em que escrevo, tudo que temos é justamente o oposto a isso. A bolsa cai, pois o mercado faz conta em meio a um custo de oportunidade que supera o patamar de 15% ao ano.

Penso que, para 2025, a grande dúvida e oportunidade tem a ver com o que está por vir em termos do valor relativo do dólar americano. Será que teremos um Acordo de Mar-A-Lago que irá derrubar o valor do dólar de forma coordenada? Isso aconteceu em 1985 (Acordo de Plaza) e "sacudiu" o mundo. Algo similar poderá acontecer em 2025 -- ainda que não seja um consenso de mercado.

Aproveito a ocasião para desejar um Feliz Natal e um Próspero 2025 para todos os leitores.

Um abraço

Marink Martins

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