Excepcionalismo em demasia
Todos querem um pedaço do mercado de ações dos EUA. O que no começo parecia uma obsessão por um segmento do mercado -- em particular, as 7 magníficas (Apple, Microsoft, Google, Amazon, Meta, Nvidia e Tesla) -- se tornou bem mais abrangente. A surpresa, entretanto, é que o otimismo visto por lá -- ao invés de contagiar o resto do mundo, como em outras épocas -- vem sugando toda a liquidez financeira disponível no mundo.
Se o que foi descrito acima te faz lembrar da "Teoria do Milk Shake" de Brent Johnson, você está corretíssimo. O mercado de ações dos EUA vem sugando a liquidez e tornando tudo mais difícil em outras áreas do mundo.
Abaixo, compartilho algumas imagens que ilustram bem o que busco transmitir:
1. Nos últimos 10 anos só deu EUA!!! Conforme podemos observar abaixo, a performance anual do S&P 500 foi bem superior a registrada pelas carteiras MSCI da Europa, do Japão e dos Mercados Emergentes.
2. Excepcionalismo + Indexação -- Na imagem abaixo, observamos como os EUA ganharam 14,3% em participação na carteira MSCI All Country. Tal ganho foi obtido junto a praticamente todos os outros. As exceções foram Taiwan (casa da empresa de semicondutores TSMC) e a China.
3. A ciclicidade vista através de um gráfico de "Trailing Relative Return" -- uma janela de performance móvel. Conforme podemos ver -- em janelas de 1 ano -- a performance do S&P 500 está em um extremo quando comparada ao ocorrido no passado. Será que iremos testemunhar um movimento de reversão à média?
O tema do excepcionalismo ocupa a mídia financeira como nunca antes visto. Saiu no Financial Times: "The mother of all bubbles" (A mãe de todas as bolhas") -- em referência a preferência dos agentes pelas ações de empresas dos EUA.
O colunista Ben Carlson foi outro que deu destaque ao tema ao dizer: os EUA estão "engulindo" o resto do mundo.
Finalizo, lembrando o leitor que -- assim como ocorrido após a eleição de Trump em 2016 -- o S&P 500 saiu na frente e deixou os demais índices comendo poeira. Todavia, após a posse, a história mudou de forma significativa, conforme podemos observar na imagem abaixo:
Marink Martins