Em busca de um vetor resultante
Ao fazer a minha análise noturna dos mercados globais, lembrei-me da época da escola quando resolvia exercícios de física buscando achar um vetor e magnitude para o resultado entre duas forças agindo em direção opostas.
Não há dúvidas que representantes de governos, seja aqui, nos EUA, ou qualquer lugar do planeta, desejam a contínua valorização das bolsas. Uma bolsa em alta representa maior riqueza, mais confiança do consumidor, e ultimamente, uma maior arrecadação.
Nos EUA, onde mais da metade de sua população possui uma posição acionária, a defesa da continuidade do "bull market" por parte de representantes do governo e da mídia chega a ser preocupante.
Ontem mesmo, Larry Kudlow, o novo assessor econômico de Trump, em substituição a Gary Cohn, foi claro em sua entrevista que deseja ver a bolsa subindo, em um ambiente de moeda estável. Kudlow, que teve passagem no governo Reagan, passou os últimos 30 anos atuando pela CNBC como comentarista. Ele é um ávido defensor do livre comércio e de uma política cambial que ele adora chamar de "king dollar".
Entretanto, há duas forças, em direção oposta, que representam uma ameaça a tal continuidade de valorização nas bolsas. Uma delas é o ressurgimento de forças nacionalistas e protecionistas direcionadas a China. Já falei, ao longo da semana, que é difícil impor sanções ao gigante asiático sem prejudicar multinacionais americanas que atuam por lá.
Um outro argumento, este mais técnico, é que o mercado começa a mostrar sinais de cansaço neste momento em que completa 9 anos de mercado altista desde sua mínima registrada no dia 9/3/2009. Um sinal de tal cansaço pode ser visto através do gráfico abaixo, ilustrando o ETF SPY (atrelado ao índice S&P 500) e os demais ETFs setoriais associados ao índice, onde todos os setores, com exceção do setor tecnologia, mostram fraqueza desde a derrocada dos mercados no início de fevereiro. Todos os ETFs setoriais, com exceção do XLK (tecnologia) estão negociando abaixo de uma importante média móvel.
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Por isso, venho afirmando através de meu site, que uma boa alternativa para monitorarmos o ímpeto do mercado americano é através de uma comparação entre as performances do próprio índice S&P 500 com aquela do ETF MTUM, que investe em ações que exibem um elevado "momentum" de mercado.
Por "momentum" devemos entender como aquilo que está em movimento. Trata-se daquele conceito que é mais fácil parar uma bicicleta andando à 30 km/h do que um ônibus à mesma velocidade. Tal ETF é uma cesta que investe em ações que estão "dando certo"; aquelas que mais se valorizaram recentemente. É uma aposta de que o que está dando certo, tende a continuar performando bem.
Venho monitorando tal indicador intensamente. O que é impressionante, e é bem ilustrado pelo gráfico acima, é que, mesmo nos períodos mais voláteis, o ETF MTUM mostrou resiliência relativa ao comportamento do S&P 500.
Para finalizar e simplificar, sugiro aos investidores que monitorem os três ativos (S&P 500, MTUM, e o VIX) na tabela abaixo buscando detectar sinais de uma tendência de mercado. Acredito que, enquanto o MTUM se mantiver forte relativamente ao S&P 500, maior é a probabilidade de continuidade do "bull market".
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