Digerindo os excessos da primeira semana do ano
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Na guerra entre os comprados e os vendidos, os otimistas deram um show nos pessimistas e fizeram até gol de letra. Na quinta-feira, os contratos futuros do IBOV fecharam com um expressivo ágio, sinalizando que algo ocorreria. E não é que, ao longo da sexta-feira, os mercados foram surpreendidos com a notícia de uma importante fusão no setor de saúde brasileiro. Tal anúncio contribuiu para uma valorização no IBOV de quase 1.000 pontos.
Assim, a última sexta-feira foi marcada pela correria dos vendidos em opções de BOVA11. Poucos acreditavam que os contratos BOVAA120, cujo preço de exercício é de R$120,00, entrariam na briga do exercício da Série A.
Pois é, faltam 5 dias úteis para o exercício de opções e os mercados vêm de uma semana de excessos.
Na minha visão, tivemos uma semana em que o "comprado" resolveu "brincar" com parte de seus ganhos excessivos para provocar um certo "terrorismo" no mercado. Assim, puxaram os principais ativos da onda especulativa como TESLA, Bitcoin, ativos de mercados emergentes e etc. Enquanto isso, o tal do "Dollar Index" (DXY), que venho chamando atenção por aqui, foi lentamente se valorizando. Não devemos esquecer que um dos motores para este "bull market" é a premissa de que o dólar continuará a se desvalorizar.
Finalmente é segunda-feira! Embora eu me esforce ao máximo para trazer ao leitor uma análise justa dos fatos, não deve ser segredo para você que eu atuo ativamente nos mercados. A semana passada não foi nada agradável para o tipo de operação que coloco em prática.
Ansioso com os mercados, levei um susto ao ver o índice sul coreano ("KOSPI") abrir com uma alta expressiva no fim do domingo aqui no Brasil. O índice KOSPI tem sido um importante indicador deste ciclo altista ("risk on"), registrando uma valorização superior a 10% na última semana. Contudo, o índice foi perdendo força ao longo do dia e fechou próximo a estabilidade.
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Para esta semana, a minha expectativa é de que os mercados irão corrigir uma parte dos excessos registrados nos primeiros dias do ano. A narrativa de "debasement" (perda de valor das moedas fiduciárias) -- embora válida -- em tese, não deveria sancionar uma busca desenfreada por ativos de renda variável. É necessário ser seletivo, pois sinais de inflação inevitavelmente nos levarão a compressões de múltiplos, conforme discutido aqui na semana passada.
No mais, me chama atenção os riscos políticos locais (Rossi vs Lira) e novas medidas americanas contra a China. Desta vez, as medidas vão em direção a atacar a premissa chinesa de "One China Policy", em que a ilha de Taiwan deve ser tratada como um território pertencente a uma única China. Mike Pompeo tomou medidas que permitem uma aproximação maior entre os EUA e a ilha de Taiwan; algo que só aumenta as tensões entre as duas maiores economias do planeta.
Marink Martins