Deu "TILT" no processo de reciclagem de dólares

16/12/2024

Em um passado distante, pressões inflacionárias nos EUA levavam uma inclinação na curva de juros (o TLT se desvalorizava).

Acima, o gráfico do ETF TLT -- com títulos emitidos pelo tesouro dos EUA com prazos superiores a 20 anos. Ao longo dos últimos 5 anos, o TLT vem caindo. Em outras palavras, a taxa de juros de longo prazo vem subindo. 

Com o custo do "dinheiro longo" mais elevado, os agentes promoviam um rebalanceamento de carteira que favorecia os títulos de renda fixa ("bonds") em detrimento dos títulos de renda variável (ações). Mercados emergentes -- por terem um BETA mais elevado -- sofriam em uma escala ainda maior.

Veio a pandemia e a reação dos EUA fez com que a equação acima se alterasse. O Estado (atuando como se fosse um PAI) se endividou ao extremo para salvar os (filhos -- "corporate america" + "municipalities"). Além disso, os avanços tecnológicos acompanhados de narrativas em prol de eventuais ganhos de produtividade nos EUA criaram a percepção de que há um grupo (Mag 7 e outras) que passaram a representar uma espécie de porto seguro em um mundo que se encaminha para uma eventual crise fiduciária.

Assim, chegamos a um ponto onde pressões inflacionárias nos EUA contribuem não só para uma alta de juros, mas também para um dólar mais forte. Esta combinação -- que no passado foi letal para as empresas de tecnologia -- passou a ser um um forte ponto de atração para o capital externo.

Por tudo isso, o processo de reciclagem de dólares foi virado ao avesso.

Ao mesmo tempo em que os EUA estão "enviando" ao resto do mundo trilhões de dólares via seu enorme déficit em conta corrente, tais dólares não estão sendo convertidos em moedas de países exportadores. Os dólares estão "empoçados" no mercado de eurodólar "surfando" ativos de "momentum" no próprio EUA.

Este é o Zeitgeist que vem provocando enormes distorções e oportunidades neste fim de 2024.

2025 promete! Grandes transformações estão por vir. Afinal, se 40% das receitas das empresas do S&P 500 são oriundas do mercado externo, é uma questão de tempo até que medidas sejam tomadas na direção de promover uma "hidratação" do resto do mundo.

Marink Martins


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