Convivendo com o medo da sazonalidade
02/08/2021
Entramos naquele ciclo de mercado que normalmente se inicia em agosto e tende a durar até outubro. Trata-se de um período que, historicamente, tende a ser mais volátil. E, como já mencionei inúmeras vezes por aqui, quando o VOL sobe, o preço dos ativos normalmente cai -- lembre sempre da expressão "VOL UP, SPOT DOWN".
Só para contrariar, entretanto, os mercados iniciam a semana mostrando força. Quando analisamos a performance do IBOV em comparação a dos outros índices globais constatamos que estamos atrasados. Será que é culpa de Bolsonaro e seu populismo? Pode até ser. Mas, o mais provável é que a principal razão para nossa "underperformance" é devido ao elevado volume de emissão de ações visto nos últimos meses. Temos um tremendo dreno de liquidez na forma de IPOs e operações secundárias.
Sendo assim, se levarmos tudo isso em consideração, podemos entreter a ideia de que esta divergência entre o IBOV e os outros índices representa uma boa oportunidade.
É, meu amigo. Tem hora de comprar, hora de vender, hora de não fazer nada, hora de comprar VOL, hora de vender VOL, hora de fazer long/short, e por aí vai. Não é hora de pessimismo com o mercado local.
Estou mais otimista de forma tática principalmente devido as revisões nas projeções de resultados das empresas do S&P 500 para o ano de 2022. Se antes os agentes esperavam por um resultado de 200 dólares para 2022, agora esperam por algo entre 215 e 220 dólares, conforme podemos observar na imagem abaixo.
Dito isso, manifesto aqui meu otimismo de forma extremamente seletiva. Gosto de empresas geradoras de caixa como a Petrobras, a Vale, o Itaú e algumas outras. Gosto do ETF XINA11, com base na mensagem positiva sendo transmitida por analistas que acompanho na Gavekal.
No entanto, observe que a janela de otimismo tende a ser curtíssima. Pois sabe-se que o índice S&P 500 já está há 186 dias sem uma queda expressiva (quedas superiores a 5%). Além disso, o mercado está condicionado ao "BTD - buy the dip" (caiu, comprou!). O tempo de recuperação de qualquer retração dos mercados vem caindo de forma acelerada. Se no passado a recuperação de uma queda na bolsa levava 100 dias, hoje a média de recuperação é bem mais curta -- entre 10 a 20 dias. Neste ritmo, chegaremos a um ponto em que a bolsa nunca mais irá cair. E isso, meu amigo, é algo que simplesmente não pode acontecer.
Marink Martins