Consequências da decisão envolvendo a Shell
31/05/2021

Na semana passada escrevi sobre eventos marcantes. Dentre eles, a luta envolvendo as vagas para o Conselho de Administração da Exxon e a decisão da corte holandesa forçando a Shell a cortar a produção de combustíveis fósseis em 45% até 2030, tomando como base sua produção em 2019. Tudo isso é ESG na veia!, como busquei descrever em meu comentário da última sexta-feira.
Em ano de COP 26 - Reunião da ONU sobre o clima, a ser realizada em Glasgow no início de novembro -- ESG tende a ser o acrônimo do ano. Na minha opinião, bem mais relevante do que, o já exausto, TINA (do inglês, "There is no alternative") em alusão a falta de oportunidades de investimentos em mundo dominado por ZIRP ("zero interest rate policy", ou política de taxa de juros zero). Chega de acrônimos por hoje.
O que busco compartilhar aqui é a interpretação de Louis Gave, fundador da Gavekal, em relação à decisão envolvendo a Shell. Ele explora duas alternativas para explicar tal decisão da corte holandesa:
1. A primeira aponta para a uma possível estupidez de políticos que parecem ignorar o fato de que restrições na oferta tendem a contribuir para a elevação significativa de preços.
2. A segunda é a de que, na verdade, tais políticos sabem exatamente da consequência de tal decisão e acreditam que uma elevação de preços tende a fazer com que o processo de transição de produção, de energia suja para energia limpa, seja ainda mais acelerado.
Louis está mais alinhado com a segunda alternativa. Contudo, ele nos lembra que quando Macron buscou elevar os impostos associados a combustíveis na França, as consequências foram nefastas (movimento dos coletes-amarelos) . Ele conclui dizendo que políticos que buscam elevar os preços dos combustíveis acabam sendo expulsos do poder (no melhor cenário) ou provocando rebeliões e, até mesmo revoluções (no pior cenário).
Marink Martins