Caindo na real

05/04/2024

Não demorou muito para o "governo brasileiro" cair na real e se conscientizar de que é ele quem mais precisa dos dividendos extraordinários da Petrobras. Daí a decisão de seguir em frente com os pagamentos originalmente anunciados.

Não demorou muito para o "governo americano" cair na real e se conscientizar de que isolar a China é análogo a dar um tiro no pé. Daí a visita de Janet Yellen a China buscando uma reaproximação com o gigante asiático comprador de "treasuries" e consumidor de ideias norte-americanas.

Agora, o que parece estar demorando para se materializar é uma conscientização dos investidores de que o custo do capital nos EUA já não é mais o mesmo daquele visto nos anos subsequentes à grande crise financeira de 2008. O gráfico abaixo é preciso ao ilustrar a mudança em curso:

Como podemos observar acima, o custo do dinheiro das empresas consideradas boas pagadoras ("investment grade") vem subindo e já se assemelha ao que era praticado entre 2003 e 2007. E o que dizer do custo do capital para as empresas mais especulativas? Bem, tal custo ainda está contido, mas poderá se elevar rapidamente a partir do momento em que se detectar fraqueza no mercado de trabalho norte-americano. Por esta razão, os dados associados a criação de empregos nos EUA ("payroll") que serão divulgados hoje são importantíssimos.

No resumo abaixo, preparado pelo economista Ian Shepherdson, da Pantheon Macroeconomics, já na primeira frase ele nos chama atenção com uma frase de impacto. Diz ela em uma tradução livre:

"Nada muda mais rápido a forma de pensar de investidores e empresários do que uma virada negativa na dinâmica associada ao mercado de trabalho..."

Entenda que a economia de um país -- seja o país os EUA ou o Brasil -- depende mais dos pequenos empresários do que dos grandes. E estes dependem das massas. A classe mais pobre dos EUA está mais rica no "papel", pois seus imóveis se valorizaram. Todavia, estão com menos dinheiro disponível e com dificuldades de acesso a crédito. Por tudo isso, argumento que é hora de uma pausa no que vem sendo chamado de "excepcionalismo norte-americano". É hora de olhar para fora e buscar ativos depreciados ao redor do mundo. Uma evidência disso pode ser vista no recente aumento no preço do ouro, do cobre, da prata, do cacau, e outros.

Marink Martins

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