"BTD or not to BTD", eis a questão!
30/07/2021
Para começar eu explico que o acrônimo BTD significa "buy the dip", ou melhor dizendo: o famoso "caiu, comprou"; um comportamento que vem sendo extremamente lucrativo nos últimos anos e que é um símbolo deste polêmico mercado altista.
Ontem, após terem registrados novas máximas ao longo do dia, os principais índices americanos recuaram em meio a decepção dos agentes diante do resultado divulgado pela Amazon. Que a barra das expectativas está elevada demais e os agentes estão condicionados a surpresas agradáveis são temas explorados nestes comentários com frequência ("condicionamento pavloviano").
Mas, será que é chegada a hora dos "baixistas"? A cada queda nos mercados este assunto volta à tona. Há sinais de exaustão nos mercados e o mês de agosto -- marcado por alta volatilidade -- está bem próximo.
Contudo, existe algo que ocorreu nos últimos dias que me faz pensar que a probabilidade de queda expressiva é baixa. Refiro-me ao fato de que, nos últimos dias, a volatilidade implícita das opções de curto prazo da Amazon e da Apple caiu significativamente. Sabe-se que, em tese, a mudança no VOL precede um movimento direcional. Existe aquela famosa regra que diz o seguinte: VOL up, Spot down!
Dito isso, sabe-se também que os mercados odeiam regras e quanto maior a convicção, maior tende a ser a humilhação.
O fato é que esta é a terceira sexta-feira do mês de julho em que os mercados chegam ao fim da semana exaustos. Vale lembrar que, no dia 9 de julho (feriado no Brasil), o banco central chinês salvou o mundo com seu corte na taxa do compulsório. Para esta sexta-feira de hoje, o que eu mais quero saber é se o governo americano irá conseguir renovar ou não a moratória que vem permitindo que 12 milhões de americanos vivam sem pagar aluguéis. O governo Biden já propôs uma terceira extensão da moratória, mas especialistas dizem que é pouco provável que o congresso embarque nessa mais uma vez. Afinal, se o inquilino não consegue arcar com seus aluguéis hoje, não há nada que irá alterar esta situação no curto prazo.
Além desta questão, há também preocupações com a China. Durante a semana dediquei grandes esforços para tranquilizar aqueles que acompanham o meu trabalho ao compartilhar as análises de Louis Gave, fundador da Gavekal. De forma resumida, Louis nos explica que o enorme fluxo de recursos entrantes na China (fruto do superávit comercial e da demanda por títulos do governo chinês) vem permitindo que o país redirecione o crédito para atividades industriais. O intuito é reduzir a dependência externa e desenvolver sua indústria de semicondutores. Por lá a VOL está alta, mas deverá se normalizar nos próximos dias ou semanas.
Finalizo reiterando o meu otimismo relativo com ativos como Petrobras e Itaú. O ETF XINA11 pode ser uma boa alternativa para aqueles com um horizonte de tempo mais longo. Entenda o relativismo aqui como uma aposta que um ativo irá performar melhor do que um determinado índice.
Tenha um ótimo fim de semana,
Marink Martins