Armadilhas de um Bear Market

Diz-se que as maiores altas tendem a ocorrer durante os mercados baixistas ("Bear Markets"). Neste sentido vale lembrar que, na quinta-feira durante a fatídica semana em que a Lehman Brothers pediu concordata, as bolsas fecharam em forte alta. Aqui no Brasil, os contratos futuros travaram no limite de alta!!!

O catalisador para este fenômeno que resgato foi uma decisão do então Secretário do Tesouro dos EUA, Hank Paulson, de proibir a venda a descoberta de ações de instituições financeiras. A atitude desesperada de Paulson, buscando salvar seu ex-banco Goldman Sachs e outros, foi de curta duração.

Mas o que este evento de 2008 tem a ver com o que está em curso nos dias de hoje? Nada. A ideia aqui é ilustrar que em períodos mais pessimistas os movimentos nos preços dos ativos tendem a ser mais expressivos. Nos EUA, nos últimos dias, observamos quedas homéricas ocorrendo em empresas de fama global como a Netflix, Facebook (Meta), Spotify, PayPal, Shopify, DocuSign. Ah, mas teve também a alta de 20% no preço das ações da Google ("Alphabet")! Sim, e este evento só confirma a tese que busco explorar por aqui.

Em 2017 -- um ano marcado por forte expansão monetária por parte do Banco Central Europeu (BCE) e Banco do Japão (BoJ) -- os mercados subiram de forma consistente registrando um recorde de baixa na volatilidade implícita associada ao S&P 500. Bull Markets normalmente ocorrem com um VOL baixo. Já os Bear Markets, com um VOL alto!

Os últimos textos publicados por aqui estão, de certa forma, interligados. Neste sentido vale destacar a sequência dos títulos publicados:

• Possível aumento na VOL Implícita da Petrobras - publicado no dia 27/1
• Um momento para uma pausa estratégica - (31/1)
• E a Ucrânia (1/2)
• "Do not Chase" (2/2)

Não tenho bola de cristal. O meu trabalho aqui não é só fazer curadoria, mas transmitir ao leitor os "insights" que tiro ao tirar boletas no mercado de opções brasileiro. Este mercado está estranho e, desta vez, não teremos expansão fiscal e monetária chinesa para nos salvar. Caveat Emptor!

Marink Martins