Aonde foram parar os "cowboys" das opções?

20/04/2022

Em 1997, a cantora americana Paula Cole chegou ao topo da lista Billboard com a música que fazia a seguinte pergunta: "Where have all the cowboys gone?" -- uma música cuja letra, convenhamos, deixaria muitas feministas contemporâneas de cabelo em pé... A música é boa e foi um "hit". Resgato esta história para falar do mercado de opções brasileiro. Afinal, onde foram parar os cowboys do mercado de opções?

Na Petrobras PN - carro chefe deste mercado -- temos uma série (PETRE353 - 33,09) com mais de 100 milhões de contratos em aberto. No entanto, o número de titulares é de somente 492 e o de lançadores é de 628. Muito pouco em uma bolsa que diz ter quase 4 milhões de CPFs ativos.

Já na Vale há um contrato que provavelmente atraiu uma turma do varejo. Refiro-me ao contrato VALEE992 (95,49) que conta com 1914 titulares para somente 167 lançadores. Mesmo assim, um número tímido para o tamanho da bolsa.

Outras ações, como Ambev e Magalu, não conseguem emplacar contratos de opções com mais de 500 titulares dentre as séries mais negociadas.

A verdade é que o mercado de opções sempre sofreu de uma crise de imagem que, na minha opinião enviesada, é um tanto injusta. Este mercado de fortes oscilações atrai gananciosos que entram e saem deste mercado com a mesma velocidade vista nas flutuações dos contratos que ali são negociados. Por isso, apelidos como "cemitério de malandros" ainda hoje são ouvidos por pessoas que, por diversas razões, desprezam este mercado. Em 2008, Warren Buffet chegou a chamá-lo de armas de destruição em massa, o que certamente não ajudou.

(Logo você Warren que tanto dinheiro ganha vendendo seguros através da GEICO, SWISS RE, e outras. Logo você que é o maior vendedor de opções da história!!!)

Nos últimos anos, porém, um enorme esforço educacional foi direcionado a este mercado. Eu mesmo, através de importantes casas de análises, ensinei mais de 3.000 pessoas a atuar neste mercado de forma não-alavancada e de forma não-direcional. Isto é, atuar neste mercado em busca de remuneração do capital investido seguindo uma metodologia que busca driblar as vulnerabilidades presentes neste mercado.

Se antes era um esforço ter que explicar o significado do VIX (expectativa de oscilação embutida no mercado de opções associado ao índice S&P 500), hoje já temos um enorme contingente que entende conceitos associados as famosas letras gregas: delta, gamma, vega, theta, e outras.

A verdade é que com um pouco mais de estudo aprendemos que o mercado de opções pode ser sim uma arma de destruição em massa como disse Buffet. Mas, também pode ser uma tremenda ferramenta de proteção. Uma tremenda ferramenta de geração de renda. Uma tremenda ferramenta de leitura do movimento que está por vir em um determinado ativo.

Há semelhanças entre a jornada no mercado de opções e aquela percorrida em sessões de psicanálise. Ambas podem gerar bastante angústia. Se a primeira pode te quebrar, talvez seja por falta da segunda. Por isso, faça uso das opções de forma inteligente e entenda os seus limites, assim como aqueles impostos pelo próprio mercado.

O mercado de opções é um mercado velho. Primeiros relatos de negociações neste mercado foram registrados na época de Tales de Mileto. Por isso, fazendo uso aqui do Efeito Lindy, é possível afirmar que este mercado estará aí por mais 1.500 anos. Viva o mercado de opções. Proceda com educação e, em se tratando deste mercado, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém!

Marink Martins

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