Antes fosse um hipócrita, mas Trump é mesmo um utopista!
Ao assistir Trump anunciar a imposição de tarifas sobre a importação de aço e de alumínio, confesso que fiquei muito triste. Não que eu esteja posicionado em algum ativo que tenha sido prejudicado por tal medida, mas sim pelo fato de a medida representar um tremendo retrocesso para o país que tanto admiro.
Para piorar, o presidente americano, em um ato digno de um líder latino, chamou o presidente da sucateada US Steel e disse que o governo americano irá ajudá-la em sua retomada de crescimento, buscando restabelecer uma américa que ficou para trás.
Trump chegou ao poder com promessas esdrúxulas direcionadas a setores que foram praticamente eliminados pelas forças de destruição criativa Schumpeterianas. O pior de tudo é que ele acredita que no que fala, exibindo sinais claros de psicose.
Sabe-se que a pergunta de 10 milhões de dólares dos dias atuais é se estamos de fato transitando de um período des-inflacionário para um inflacionário. Fazer com que americanos voltem a produzir carvão, aço e alumínio é uma decisão extremamente inflacionária pois privilegia-se a ineficiência em nome do populismo, em nome de um conceito ultrapassado.
Há tempos se especula sobre problemas estruturais na economia global. Até pouco tempo, dizia-se que os EUA representavam a camisa mais limpa em uma grande cesta contendo diversas camisas sujas. ("The USA being the cleanest dirty shirt").
Trump, entretanto, com suas medidas protecionistas e com seu corte de impostos "mágico", vem deixando tal camisa completamente encardida. Steven Mnuchin, atual Secretário do Tesouro dos EUA, disse em Davos que os EUA desejam um dólar mais fraco, revertendo uma política de "king dólar" já enraizada desde a época de Robert Rubin nos anos 90.
Em 10 anos, o país que tanto admiro, estará rodando um déficit nominal superior a 5% de seu PIB. Com uma taxa de crescimento populacional nula, similar a europeia de 20 anos atrás, o prognóstico é, de fato, sombrio. Os gastos dos americanos na área de saúde, equivalentes a 17% do PIB, superam em larga escala aqueles do segundo lugar (Suécia 11,9%). Ao invés de cortar os gastos com defesa, como fez Obama, Trump optou por retomar projetos em uma área que pouco contribui para um aumento na produtividade do país. Afinal para que servem tanques de guerra senão a destruição, em todos os sentidos.
Mas saibam de uma coisa, ele não faz tudo isso por mal. Ele é louco mesmo.
Do outro lado do mundo, Xi Jimpin se prepara estrategicamente para dar o bote. Como quem não quer nada, expande seu domínio no Mar do Sul da China, ganhando aliados importantes como as Filipinas e a Malásia, como se estivesse jogando WAR.
Louis-Vincent Gave, que para mim é um oráculo, nos trouxe esta semana um gráfico que ele diz ser o mais importante do momento. O gráfico abaixo nos mostra a relação entre o rendimento histórico do título soberano norte-americano em comparação ao título similar chinês. O que vemos é uma tremenda "outperformance" do título chinês.
Dito isso, Louis indaga: Em um cenário de dólar fraco e juros crescentes nos EUA, o que fará o governo chinês? Desvalorizarão sua moeda em uma tentativa de não perder competitividade? Ou aproveitarão esta oportunidade para assumir uma posição de liderança e transformar o título chinês em uma alternativa de porto seguro?
Quem me acompanha por aqui, já sabe a resposta. Louis acredita que o iuane tem potencial de ganhar importância e assumir uma posição similar a aquela desempenhada pelo marco alemão na década de 70. Caso ele esteja certo, é uma questão de tempo para que o mundo acorde para uma nova realidade global; uma onde a camisa chinesa passa a ser mais atrativa que a maltratada e pisoteada camisa norte-americana.
Marink Martins