Algo definitivamente mudou

26/07/2024

O leitor naturalmente já sabe sobre a minha obsessão a respeito da diferença na volatilidade implícita associada aos índices S&P 500 e IBOV. Não faz muito tempo, observava-se por aqui um mercado onde a volatilidade realizada -- aquela que, de fato, observamos no mercado -- estava mais elevada. Passamos por um período em que o contrato futuro do IBOV oscilava mais de 1.000 pontos durante as primeiras duas horas de pregão. Isso mudou.

Temos hoje um IBOV mais contido e um S&P 500 muito mais volátil. Ontem, o índice americano abriu fraco e depois disparou 100 pontos, para depois entregar tudo no fim do pregão. Pudera! O S&P 500, influenciado pelas Big Techs, vem de uma alta absurda e negocia na estratosfera em termos de múltiplo de P/L projetado.

Acima, o VXN (VOL associada ao Nasdaq) subiu bem mais do que o V2X (VOL associada as ações europeias). O mercado de ações dos EUA está definitivamente mais "estressado" do que os demais mercados. 

Devemos entender aqui que esta maior volatilidade realizada representa uma maior fragilidade. Há questões políticas e estruturais afetando a economia americana. Esta semana a Alphabet (Google) passou uma mensagem um tanto preocupante no que diz respeito ao impacto de curto prazo da tecnologia de inteligência artificial. Já as ações da TESLA vem se tornando cada vez mais uma aposta de longo prazo (o curto prazo não é nada encorajador). Além disso, analistas começam a traçar cenários binários associados ao sucesso ou ao fracasso de Trump na próxima eleição presidencial americana.

Finalizo fazendo a seguinte afirmação: a razão pela qual a volatilidade implícita nos contratos de opções associados ao IBOV está bem mais baixo do que a VOL associada ao S&P 500 (VIX) tem a ver com o fato de que o "vendedor" (segurador) de contratos de opções de venda (PUT) estar mais confortável com a probabilidade de sinistralidade no Brasil do que nos EUA.

Em se tratando do mercado de opções associado a ações, a sinistralidade é representada pela obrigação de compra do ativo subjacente (IBOV). Assim, aquele que vende PUT no Brasil está, neste momento, mais confortável com a possibilidade de ter que carregar IBOV do que com a possibilidade de ter que carregar S&P 500. Caso contrário, o "segurador" estaria naturalmente exigindo prêmios mais robustos através de uma maior VOL implícita.

Em suma, o cenário, apesar de todos os ruídos associados ao "fiscal", é construtivo.

Marink Martins

P.S.: Saiba que, no último mês, o nosso M1 subiu 2,1% para 668 bi de reais. Já o M2 atingiu 6,2 trilhões de reais. É simplesmente muita energia potencial para esta bolsa local cuja capitalização de mercado é de aproximadamente 3,8 trilhões reais.


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