Aconteceu na eleição passada

09/01/2018

Na eleição passada, ocorrida em uma época distante onde Aécio Neves ainda figurava como um político querido para muitos, tivemos um dos mercados mais fascinantes e apavorantes dos últimos 20 anos. O preço das ações de estatais como Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras oscilavam como em um prenúncio de vida ou morte.

A volatilidade era tanta que uma das operações mais tradicionais no mercado de opções -- uma borboleta com spread de R$2 -- chegou a ser negociada a 20c quando em condições normais deveria oscilar entre 70c e 90c. O volume negociado no mercado de opções da Petrobras atingiu seu ápice em uma trajetória de preço digno de uma tragédia grega, onde "o comprado" se sentiu como herói por algumas semanas até morrer na praia diante da decepção vista nas urnas.

No mercado de ações, um dos clichés mais ventilados por aí é aquele que diz que o mercado é soberano. Este é certamente um dos que mais me irrita, pois passa uma percepção de algo democrático, onde cada participante exerceria sua influência através de suas compras e vendas.

Os mercados são dominados por Mãos-Fortes que os manipulam de acordo com suas respectivas preferências.

Há pouco tempo, o grande Ivan Sant´anna, em uma de suas melhores crônicas publicadas pela Inversa, nos contou sobre um corner no mercado de opções de Vale articulado por 4 dos maiores Mão-Fortes dos anos 80. Durante os anos 90, investidores seguiam os passos do Banco Garantia para especular sobre a direção no preço das ações da Telebras.

Já na eleição passada, o mercado de opções brasileiro conseguiu atrair desde o investidor pessoa física inexperiente até as principais tesourarias de bancos. Contou também com a participação de Market Makers internacionais que, desde 2010, com seus algoritmos sofisticados e posicionados em "co-location", se tornaram imbatíveis no que tange a rapidez no envio de ordens.

Embora a volatilidade apresentada tenha sido apavorante para alguns, o mercado apresentou muitas oportunidades para aqueles cujo foco estava na remuneração do capital investidos através de operações estruturadas. Tinha tanto prêmio que a assimetria entre risco e retorno era extremamente favorável.

O curioso é que hoje, mesmo diante de um evento binário como a decisão da elegibilidade de Lula (dia 24/1), o mercado encontra-se extremamente calmo. Para dar uma dimensão ao leitor, a tal da borboleta com spread de R$2 em contratos de opções da Petrobras, hoje negocia próximo a R$1,00 faltando 4 dias úteis para o vencimento. Tivéssemos as condições de incerteza presentes na época da eleição passada tais borboletas estariam negociadas a 40c.

Dito isso, deixo leitor com a seguinte pergunta: Por que estariam os prêmios de risco tão baixos em um momento como esse?

Se você pesquisar nos jornais, encontrará inúmeras histórias que, adaptadas daqui e dali, soarão como plausíveis, mas que no fundo não representam nada mais do que um esforço de encaixá-las em uma cama de Procusto.

Quer ter acesso ao projeto que estou desenvolvendo junto a Inversa?

Sendo assim, termino aqui afirmando que é hora de se proteger. É hora de comprar uma PUT para proteger a sua carteira. Elas estão baratas e o mercado poderá mudar de tom em um simples fim de semana.

Além disso, ao comprar contratos de opções com vencimento para fevereiro de 2018, o leitor irá obter, como bônus, dois dias de proteção cobrindo aquela segunda e terça de carnaval, onde o que você menos quer, é ter que se preocupar com o que ocorrerá com a sua carteira nos pregões nova yorkino durante a folia. Pense nisso!

Marink Martins, CNPI

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