A vulnerabilidade "trumpiana"

20/04/2018

Boa parte do ocidente vive em uma república presidencialista onde se elege um líder a cada quatro anos. Tal sistema, ao longo do tempo, conduz governos a uma certa desordem interna que culmina em um movimento que é conhecido como populismo. Dominante na América Latina, tal movimento chegou com força nos EUA e conduziu a bizarra figura de Donald Trump ao posto de líder da nação mais desenvolvida do ponto de vista tecnológico e militar.

Em tal sistema, entretanto, a única forma de se perpetuar no poder é através de mais e mais injeção de populismo. Buscar ser um reformista é uma operação de alto risco, vista por muitos com um "payoff" desfavorável.

Sendo assim, o ocidente caminhou para um modelo onde tal estímulo populista está diretamente associado a um maior crescimento econômico. Este, por sua vez, está associado a um maior crescimento do PIB. E o que é o PIB? O produto interno bruto nada mais é do que a soma dos gastos dos consumidores mais os gastos do governo, mais o que é investido (infraestrutura) e mais o saldo entre exportação e importação.

Em países como os EUA, grande parte do PIB (algo próximo a 70%) está diretamente relacionado aos gastos dos consumidores. Tais gastos são uma função da riqueza acumulada e da renda corrente de seus cidadãos.

A vulnerabilidade "trumpiana" refere-se ao fato de que os gastos dos consumidores nunca foram tão dependentes da riqueza acumulada dos americanos em renda variável (ações listadas nas bolsas de valores).

Por isso, o vaidoso e ambicioso Trump, que certamente não quer ser marcado como um presidente de um único mandato, precisa manter um "populismo" crescente.

Daí advém inúmeros problemas que coincidem com falhas estruturais do atual modelo capitalista (não entenda esta colocação como um argumento a favor do socialismo; este é comprovadamente um desastre). Hoje, há tantos problemas ocultos no sistema, que a única forma de se injetar mais populismo é através de medidas bombásticas a cada trimestre.

E aí veio a tentativa de substituir o Obamacare, a repatriação de recursos de empresas americanas, a redução de impostos, o ímpeto protecionista, e muitos outros que estão no "pipeline".

Tudo isso para sustentar o índice Dow Jones em um patamar que dê o conforto para que o cidadão americano se distraia viajando e satisfazendo seus desejos com produtos da Apple, Amazon, Netflix, Facebook, Nvidia, Intel, Microsoft, Google, Tesla, Electronic Arts, Walmart, Uber, e muitos outros.

Por enquanto, Trump parece descansar um pouco de seu recente embate contra os chineses.

Preocupado em manter o domínio de seu partido nas próximas eleições no congresso americano (novembro/18), ele já se prepara para seu mais novo "post bombástico".

Em breve, Trump irá dizer ao mundo que conseguiu extrair diversas vantagens econômicas do México e do Canadá, reformulando o que ele irá classificar como problemático e antiquado Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA).

E por trás deste novo acordo, cláusulas mais estritas no que diz respeito às exigências de um MAIOR CONTEÚDO LOCAL em tudo que é produzido no âmbito do NAFTA.

Bem, nós brasileiros não temos uma Amazon, mas temos a exclusividade de ter todo um know-how ROUSSEFIANO para exportar aos EUA.

Um bom fim de semana a todos,

Marink Martins

Ontem, o FED não surpreendeu. Fez o que muitos vinham comentando há semanas. Aqui mesmo, venho chamando atenção para a possibilidade de que os EUA estejam transitando de um "desinflationary boom" para um "inflationary boom" -- uma expansão econômica com um nível de inflação mais elevado.

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