A volta dos que não foram

17/07/2024

Só se fala no "Trump Trade"! Com os sites de apostas atribuindo 75% de chance de uma vitória do "cabeleira", "pipocam" análises sugerindo tendências e ativos que tendem a se beneficiar de uma mudança no governo dos EUA. Eu mesmo fiz a minha contribuição ao gravar o Tendências Globais desta semana focado ao falar de "Trump e o Rotation Trade" que você pode conferir ao clicar aqui.

Acima, JD Vance (candidato a VP de Trump) falando a respeito de uma eventual reprecificação do dólar. Algo que, se materializado, tende a afetar todo o mercado de capitais. 

O fato é que nos últimos dias, o Russell 2000 disparou. Está certo que este movimento se iniciou antes da tentativa de atentado deste fim de semana. Mas o fato é que tal movimento vem se intensificando. Mais impressionante, entretanto, foi a disparada do ETF KRE -- associado a bancos regionais dos EUA -- na tarde de ontem. Vale lembrar que o KRE é um fundo que contém ações dos bancos mais problemáticos dos EUA.

Estamos testemunhando uma festa na bolsa americana típica de fim de "bull market". Os "vencedores" endinheirados correm para comprar ativos que simplesmente foram deixados de lado.

Eis que surge a pergunta: e os mercados emergentes? Por que será que os americanos parecem ter abandonado este segmento de mercado? A resposta provavelmente tem a ver com o enorme peso das ações chinesas na carteira MSCI EM. Estes mesmos investidores que compram KRE pensam que um governo Trump tende a ser bem negativo para a China.

Assim, os mercados seguem com baixíssimo VOL, oscilando ao sabor de análises que buscam mapear os desfechos associados à eleição presidencial dos EUA marcado para ocorrer daqui a 109 dias.

Concluo lembrando que, em 2016, Trump chegou trazendo medo. Hoje traz esperança. Sabe-se que os mercados se alimentam de expectativas. E, por falar em alimento, o investidor deve saber que, neste momento, tudo isso é pura expectativa baseada em promessas feitas por políticos. Mais importante mesmo é saber que almoçar em Nova York, ou mesmo em Jacksonville, está caríssimo. Já almoçar em Tóquio -- algo que historicamente sempre foi proibitivo -- está mais interessante. Penso que este "flip/flop" em relação a chegada de Trump e ao custo associado àquilo que é mais básico em nossas vidas é algo simbólico que merece atenção. Por isso, pensando no almoço, te deixo com dois pensamentos oriundos do livro "Antologia da Maldade", escrito por Gustavo Franco e Fábio Giambiagi:

"Não existe almoço grátis. Não existe doação que depois a empresa não queira recuperar." (Paulo Roberto Costa -- ex-dirigente da Petrobras envolvido na "Lavajato").

"Se tem alguém recebendo sem trabalhar, tem alguém trabalhando sem receber." (Margaret Thatcher)

Marink Martins

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