A hora da Petrobras?

23/04/2018

Cresce o otimismo com as perspectivas de valorização do preço das ações da Petrobras.

Em termos globais, nas últimas semanas vimos o setor de energia exibir uma tão aguardada reação, superando em larga margem o comportamento do setor de tecnologia.

Com o preço do petróleo retornando a níveis atingidos no fim de 2014, há um claro movimento global de realocação de portfólios favorecendo o setor de energia que, convenhamos, ficou abandonado por inúmeras razões.

Fatores como o aumento expressivo da produção de petróleo e derivados oriundos do xisto, um maior déficit fiscal em países produtores, o sucesso de veículos elétricos produzidos pela Tesla, e o "boom" do setor de tecnologia contribuíram para que gestores se afastassem do setor e se mantivessem distantes por um longo período de tempo.

Há, entretanto, sinais de um processo de reversão nesta tendência, mesmo diante de todo o ceticismo presente com relação às perspectivas para o preço de longo prazo do barril de petróleo.

Dentre os sinais, há o interesse de agentes representantes da OPEP em manter o preço da commodity o mais alto possível em meio ao lançamento de ações da Saudi Aramco, a maior produtora de petróleo do Oriente Médio, e com perspectivas de se tornar a mais valiosa empresa listada do mundo, com um "valuation" superior a US$1,5 trn.

Além disso, temos também um maior ruído em termos geopolíticos em torno de uma eventual saída dos EUA do acordo de desnuclearização estabelecido junto ao Irã em 2014. Os americanos vêm "empurrando com a barriga" tal situação mas cresce a ansiedade do mercado com uma decisão a ser tomada por Trump até o dia 12 de maio.

E a Petrobras e a bolsa brasileira, como se encaixam neste contexto?

Bem, estrategistas globais observam que os mercados emergentes não só vêm registrando uma performance superior àquela registrada por países desenvolvidos, mas também fazendo isso em meio a uma menor volatilidade.

Há muitas teses que buscam explicar este comportamento, mas o fato é que muitos gestores já não parecem dispostos a pagar qualquer preço em busca de obter retornos superiores no setor de tecnologia. A possibilidade de intervenção regulatória em gigantes como a Facebook e a Google, assim como receios relacionados às perspectivas de vendas de Iphones, vem dominando a mídia financeira nos últimos dias.

Sendo assim, é possível e provável que, no curto prazo, uma parte do "momentum" associado ao setor de tecnologia seja transferido para o setor de energia. E quando isso ocorre, normalmente coincide com uma performance mais robusta em mercados emergentes pela representatividade que este setor exibe nestes mercados.

Caso você não esteja convencido, observe o gráfico abaixo e veja a disparidade entre o preço do petróleo e as ações do setor de energia medidas por um índice global preparado pela MSCI. 

Marink Martins

Ontem, o FED não surpreendeu. Fez o que muitos vinham comentando há semanas. Aqui mesmo, venho chamando atenção para a possibilidade de que os EUA estejam transitando de um "desinflationary boom" para um "inflationary boom" -- uma expansão econômica com um nível de inflação mais elevado.

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