Cresce o otimismo com as perspectivas de valorização do preço
das ações da Petrobras.
Em termos globais, nas últimas semanas vimos o setor de
energia exibir uma tão aguardada reação, superando em larga margem o comportamento
do setor de tecnologia.
Com o preço do petróleo retornando a níveis atingidos no fim
de 2014, há um claro movimento global de realocação de portfólios favorecendo o
setor de energia que, convenhamos, ficou abandonado por inúmeras razões.
Fatores como o aumento expressivo da produção de petróleo e
derivados oriundos do xisto, um maior déficit fiscal em países produtores, o
sucesso de veículos elétricos produzidos pela Tesla, e o "boom" do setor de
tecnologia contribuíram para que gestores se afastassem do setor e se mantivessem
distantes por um longo período de tempo.
Há, entretanto, sinais de um processo de reversão nesta
tendência, mesmo diante de todo o ceticismo presente com relação às
perspectivas para o preço de longo prazo do barril de petróleo.
Dentre os sinais, há o interesse de agentes representantes da
OPEP em manter o preço da commodity o mais alto possível em meio ao lançamento
de ações da Saudi Aramco, a maior produtora de petróleo do Oriente Médio, e com
perspectivas de se tornar a mais valiosa empresa listada do mundo, com um "valuation"
superior a US$1,5 trn.
Além disso, temos também um maior ruído em termos geopolíticos em
torno de uma eventual saída dos EUA do acordo de desnuclearização estabelecido junto ao Irã em
2014. Os americanos vêm "empurrando com a barriga" tal situação mas cresce a
ansiedade do mercado com uma decisão a ser tomada por Trump até o dia 12 de
maio.
E a Petrobras e a bolsa brasileira, como se encaixam neste
contexto?
Bem, estrategistas globais observam que os mercados emergentes
não só vêm registrando uma performance superior àquela registrada por países
desenvolvidos, mas também fazendo isso em meio a uma menor volatilidade.
Há muitas teses que buscam explicar este comportamento, mas o
fato é que muitos gestores já não parecem dispostos a pagar qualquer preço em
busca de obter retornos superiores no setor de tecnologia. A possibilidade de intervenção
regulatória em gigantes como a Facebook e a Google, assim como receios
relacionados às perspectivas de vendas de Iphones, vem dominando a mídia
financeira nos últimos dias.
Sendo assim, é possível e provável que, no curto prazo, uma
parte do "momentum" associado ao setor de tecnologia seja transferido para o
setor de energia. E quando isso ocorre, normalmente coincide com uma
performance mais robusta em mercados emergentes pela representatividade que
este setor exibe nestes mercados.
Caso você não esteja convencido, observe o gráfico abaixo e
veja a disparidade entre o preço do petróleo e as ações do setor de energia
medidas por um índice global preparado pela MSCI.