A busca pela verdade
31/08/2021
Na semana passada mencionei em um texto publicado que as bolsas globais estão "doidas" para cair, mas o S&P 500 não deixa. Quando comparamos a performance registrada nos últimos três meses do S&P 500 com a do ETF ACWX -- que engloba ações de todos os cantos do mundo, mas exclui as americanas -- observamos um diferencial de quase 12% a favor do índice americano. Curiosamente, até mesmo o índice americano Russell 2000 -- que brilhou em janeiro deste ano e que engloba ações de empresas de menor porte nos EUA -- também está atrás do S&P 500 em 9%!
Estamos chegando a um ponto em que as altas registradas no S&P 500 parecem ter um efeito cada vez menor sob os índices globais. Uma tese interessante que pode nos ajudar a compreender esta disparidade está relacionada ao fato de que as ações das 10 maiores empresas do S&P 500 vem subindo pelo fato deste grupo exercer hoje a função de um "bond proxy".
Em outras palavras, os investidores globais de hoje -- preocupados com as incertezas vigentes - correm para tais ações na expectativa de que estas exerçam uma postura defensiva análoga ao que, no passado, fora desempenhado por títulos do tesouro dos EUA. Você sabia que a soma da capitalização de mercado das 10 maiores empresas do S&P 500 está em aproximadamente 12,5 trilhões de dólares; um valor idêntico ao valor dos "treasuries" com prazos entre 5 e 10 anos em circulação no mercado? Isto é, o top 10 das ações vale o mesmo que as "treasury notes" emitidas pelos EUA!!!
No entanto, caso esta tese tenha alguma validade, é importante que o investidor esteja ciente de que estamos entrando em um mundo mais perigoso; um em que uma maior inclinação da curva de juros poderá deixar muitos agentes sem ativos de proteção.
O estrategista Chris Cole, fundador da Artemis Capital Management, gosta de dizer que a VOL é um instrumento na busca pela verdade. Pois é, vislumbro um período em que a VOL terá muito trabalho pela frente.
Marink Martins